COMO ENTENDER AS CONFLITANTES DECLARAÇÕES DE PAULO E TIAGO SOBRE LEI E GRAÇA, FÉ E OBRAS, JUSTIFICAÇÃO E SANTIFICAÇÃO?
Nesta sequência de 10 itens a proposta é
de um estudo racional e objetivo da questão da lei divina em face da
mensagem da salvação pela graça, um tema muitas vezes mal compreendido
pelos cristãos em geral.
O apóstolo Paulo claramente diz que a
salvação é tão-só pela fé, sem qualquer mérito humano (Efés. 2: 8 e 9). O
profeta Isaías já dissera que até nossas obras de justiça são meros
“trapos de imundície” (Isa. 64:6). Nenhuma obra realizada pelo homem é
aceitável a Deus—cuja lei é “perfeita” (Sal. 19:7)—em termos de obter
méritos para a salvação. Até nossas orações, um ato tão santo de fervor
religioso, só conseguem ser ouvidas pela intercessão do Espírito Santo
(Rom. 8:26).
Mas após falar da salvação em nada
dever-se às obras em Efésios 2:8 e 9, Paulo acrescenta no verso 10:
“Somos feituras dele, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais
Deus de antemão preparou para que andássemos nelas”. Tiago lembra que “a
fé, se não tiver obras, é morta” (2:17) e Jesus também declarou: “Se me
amais, guardareis os Meus mandamentos” (João 14:15).
Assim, temos uma clara tensão entre o
salvar-se pela fé, independentemente das obras da lei, mas a necessidade
de demonstrar essa fé pela fiel obediência à lei. Como entender isso?
INTRODUÇÃO:
O tema da lei divina em confronto com o
da graça não poderia deixar de surgir em matérias teológicas, páginas de
ministérios de “apologia cristã” e confronto de idéias em fóruns
evangélicos. Todavia, já que prometemos tratar do assunto, temos que
primeiramente levantar esta indagação pertinente e abrangente do que
será tratado neste estudo:
• As leis do Velho Testamento são, de fato, caducas e não mais aplicáveis aos cristãos sob o novo concerto?
1) A resposta é—sim e
não. Há leis que caducaram por cumprirem sua função prefigurativa, como
as regras sobre ofertas de cordeiros e manjares, os sacrifícios e normas
várias para sacerdotes e povo. Quando João Batista apontou a Cristo
como “o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” (João 1:29)
lembrava aos ouvintes o sentido dos muitos cordeiros sacrificados pelos
israelitas como expiação dos pecados. Eram o antitipo do grande Tipo,
Jesus Cristo.
Contudo, se há leis de caráter
temporário, também as há de caráter perene, que se caducassem trariam
somente o caos a nível público e privado: “Honra o teu pai e a tua mãe”,
“não matarás”, “não furtarás”, “não adulterarás”. . .
Esses preceitos são lembrados pelos
vários autores neotestamentários como normativos aos cristãos (ver Efés.
6:1 e 2; Tia. 2:8-10). Paulo deixa isso claro ao mostrar a validade de
algumas regras e nulidade de outras para os cristãos, como veremos mais
adiante.
As leis bíblicas dividem-se em categorias
claras quanto a seus objetivos e vigência. Ao longo dos séculos
documentos e autores cristãos têm definido essas leis como sendo moral
(expressa nos Dez Mandamentos), cerimoniais, civis, higiênicas, etc.
As mais representativas Confissões de Fé
da cristandade, tanto protestante quanto católica, sempre ensinaram essa
“divisão” das leis nesse sentido, como é claramente apresentada na
Confissão de Fé de Westminster e nos 39 Artigos de Religião da Igreja da
Inglaterra.
Há quem alegue que a Bíblia trata sobre “lei” indicando um só “pacote” uno, indivisível, mas a “divisão” das leis é óbvia pelo próprio fato de que Deus proclamou com Sua própria voz, sobre o Sinai, aos ouvidos do povo reunido, somente os Dez Mandamentos, depois os transcrevendo nas tábuas de pedra, e “nada acrescentou” (Deu. 5:22). Todas as demais regras cerimoniais, civis, higiênicas, etc., foram ditadas para Moisés transcrevê-las nos rolos da lei.
Há quem alegue que a Bíblia trata sobre “lei” indicando um só “pacote” uno, indivisível, mas a “divisão” das leis é óbvia pelo próprio fato de que Deus proclamou com Sua própria voz, sobre o Sinai, aos ouvidos do povo reunido, somente os Dez Mandamentos, depois os transcrevendo nas tábuas de pedra, e “nada acrescentou” (Deu. 5:22). Todas as demais regras cerimoniais, civis, higiênicas, etc., foram ditadas para Moisés transcrevê-las nos rolos da lei.
Conclusão: Há
mandamentos que eram importantes, mas não devem mais ser cumpridos, e
mandamentos que importa obedecer, como o apóstolo Paulo mostra numa
clara “divisão” da leis bíblicas ao dizer em 1 Cor. 7:19: “A circuncisão
nada é, e também a incircuncisão nada é, mas sim a observância dos
mandamentos de Deus”.
2) Eruditos evangélicos
modernos e antigos, bem como confissões de fé históricas (inclusive
alguns dentre os principais Reformadores) têm o Decálogo na conta de
norma válida de conduta cristã.
Em suas confissões de fé eles jamais
alegam que a lei divina foi abolida, substituída por uma “lei de Cristo”
(supostamente menos rigorosa) nem levantam a tese de que observar esses
mandamentos seria estar apegando-se à “letra da lei” em lugar de
inspirar-se apenas em seu “espírito”. Antes, definem as leis divinas
como tendo preceitos cerimoniais, civis e morais, estes últimos
sintetizados nos Dez Mandamentos.
Entre as declarações eruditas e credos da
cristandade com essas claras posições citamos o popular Dicionário da
Bíblia de John Davis, a Segunda Confissão Helvética da Igreja Reformada,
de 1566; os 39 Artigos de Religião da Igreja da Inglaterra (de 1571) em
seu Artigo VII; os Artigos de Religião Irlandeses (1615); a Confissão
de Fé de Westminster (1647); a Declaração de Savóia das Igrejas
Congregacionais (1658); a Confissão Batista de 1688 (Filadélfia) com
base na confissão de 1677 de Londres; os Artigos Metodistas de Religião
(1784); o Pequeno Catecismo presbiteriano, etc. e autores tais como
Spurgeon, Wesley, e mais modernamente Billy Graham, Orlando S. Boyer,
Harold Brokke, Antônio Neves Mesquita, Pr. Myer Pearlman , Pr. Nilson do
Amaral Fanini e vários outros de diferentes denominações evangélicas.
Em hinários de batistas, presbiterianos,
congregacionais, metodistas, etc., como o Salmos e Hinos, Cantor
Cristão, Harpa Cristã, acham-se hinos de louvor a Deus falando da lei de
Deus como norma vigente para todos. Um desses hinos chega a dizer:
“Salvação por homens dada, paz fingida, paz comprada, lei de Deus
falsificada, tudo rejeitai! Lei de Deus não muda, o Senhor ajuda a quem
cumprir sem desistir. . .”
Conclusão: Grandes
eruditos cristãos e credos da cristandade sempre reconheceram os
diferentes tipos e objetivos das leis divinas segundo seus aspectos
civis, cerimoniais, higiênicos. São códigos diversos regidos pela lei
moral básica, tal como a Constituição é a “Carta Magna”, base de toda a
legislação civil com seus muitos códigos (Código Criminal, Código
Comercial, Código Trabalhista, etc.). Os códigos podem ser abolidos e
mudados, o que não interferirá na Constituição, enquanto se esta for
alterada, afetará tudo o mais.
3) Faz-se necessário que
os cristãos entendam melhor os conceitos de justificação e
santificação. A justificação é inteiramente pela fé e por ela é que se
estabelece “paz com Deus” (Rom. 5:1). Significa a obra de Deus por nós
para a salvação, centralizada na cruz de Cristo. Em conseqüência da
aceitação desse fato, dá-se a regeneração, ou novo nascimento,
iniciando-se daí o processo de santificação, que representa a obra de
Deus em nós por conceder-nos o Seu Espírito e derramar o Seu amor em
nossos corações (Rom. 5:5). Trata-se de uma obra vitalícia de
crescimento gradual e contínuo na graça e conhecimento de nosso Senhor e
Salvador Jesus Cristo (2 Ped. 3:18)—conseqüência, não base, da
experiência de salvação.
Conclusão: A obediência
aos mandamentos da lei de Deus situa-se no campo da santificação, e não
da justificação. Significa a aceitação de Cristo como Senhor após tê-Lo
aceito como Salvador.
4) O princípio da
genuína obediência, que resume o teor de todos dos mandamentos divinos, é
o amor. Assim Jesus resumiu (não substituiu) os mandamentos em a) amar a
Deus sobre todas as coisas e b) amar ao próximo como a nós mesmos. Ele
está citando declarações do Velho Testamento (Mat. 22: 34-36, cf. Deu.
6:5; Lev. 19:18). O mesmo princípio básico de amor é também o do Seu
“novo” mandamento: João 13:24.
Conclusão: Sobre esse
princípio moral do amor é que se constroem os concertos, tanto o novo
quanto o velho (ver também Rom. 13:8-10). As leis divinas sempre, em
todos os tempos, se basearam no amor.
5) Certos expositores
bíblicos fazem grande confusão em púlpitos, prelos e processadores de
texto quanto ao tema da lei nas epístolas paulinas. Essa incompreensão é
perigosa, à luz de II Ped. 3: 15 e 16, pois os que assim agem são
chamados de “ignorantes”, “instáveis” e “insubordinados”.
Não percebem o sentido das palavras do
apóstolo Paulo quando fala negativamente sobre a lei em alguns textos,
tratando, porém, dela noutros lugares em termos positivos e citando seus
mandamentos como válidos. Isso se deve entender à luz dos conceitos de
justificação pela fé e santificação.
VEJAMOS ESTES PARADOXOS BÍBLICOS:
a) Textos em que Paulo
trata “negativamente” da lei: Rom. 3:20-24; 5:20; 6:14, 15; 7:6; 8:3;
Gál. 2:16-19; 3:10-13; 5:4; Efé. 2:7, 8; 15.
b) Textos em que Paulo
confirma a validade da lei como norma de conduta para os cristãos e a
exalta, dizendo que tem “prazer” na mesma: Rom. 3:31; 7: 7, 14, 22; 8:
4; 13:9-10; 7:19; Gál. 5:14; Efé. 6:1, 2.
Como entender isso? A
explicação é simples—aqueles que têm a lei como fonte ou meio de
salvação, colocando sua obediência na área da justificação, só podem
estar sob a sua maldição pois “pela lei vem o pleno conhecimento do
pecado” (Rom. 7:7). Estes podem até vir a perder a salvação se antes
estivessem firmados na graça: “De Cristo vos desligastes vós que
procurais justificar-vos na lei, da graça decaístes” (Gál. 5:4).
Deixando de confiar nos méritos de Cristo por incluir suas obras como
meio de salvação, negam sua experiência de genuína fé na obra completa,
perfeita e meritória de Cristo para a salvação de todo aquele que crê.
6) Dois episódios ilustram a harmonia entre a lei e a graça tanto no Velho quanto no Novo Testamento:
a) No Velho Testamento:
Ao proclamar solenemente a lei dos Dez Mandamentos no Sinai Deus
declarou, antes mesmo de pronunciar o primeiro mandamento: “Eu sou o
Senhor teu Deus que te tirei da terra do Egito” (Êxo. 20:2). Esta é uma
revelação de Sua graça. Segue-se a enunciação da lei nos vs. 3 a 17.
b) No Novo Testamento:
Ante a mulher pecadora Cristo primeiro apresentou-lhe Sua graça
perdoadora—“Nem eu tão pouco te condeno”. A seguir, apresenta-lhe a lei:
“vai e não peques mais” (João 8:10, 11).
Assim, a obediência aos mandamentos de
Deus (obras) não contraria o princípio de justificação pela fé somente,
antes é sua conseqüência, situando-se no campo da santificação. Daí a
declaração do apóstolo Tiago: “A fé, se não tiver obras, por si só está
morta” (Tia. 2:17, cf. Efé. 2:10).
Conclusão: Como dois
trilhos de uma ferrovia correm paralelamente e dão o equilíbrio
necessário para o avanço da composição, assim se dá com a graça e a lei,
a fé e as obras, a ação de Deus e a resposta do homem no processo de
justificação, santificação até a glorificação final.
7) Um fator de
incompreensão do tema das leis bíblicas é o que Paulo diz em 2 Coríntios
3 sobre o “o ministério da morte, gravado com letras em pedras” em
contraste com o “ministério da justiça”, pelo qual os cristãos se
apresentam como cartas escritas “não com tinta, mas com o Espírito do
Deus vivo, não em tábuas de pedra, mas em tábuas de carne do coração”
(vs. 9 e 3).
Paulo aí contrasta os que vivem sob o
regime da “condenação”, por não terem experimentado a salvação em
Cristo, com os que aceitaram os termos do novo concerto, portanto tendo a
lei divina, não meramente como letra gravada em pedras, mas escrita em
seus corações e mentes pelo Espírito de Deus, segundo a promessa desse
novo concerto (Heb. 8:6-10). O salmista fala de tal experiência (Sal.
40:8).
Os que viviam ainda sob o “velho
concerto” eram aqueles mesmos que Cristo tanto criticou, por se
preocuparem mais com a letra “que mata” do que com o espírito da lei.
Foi o caso de Suas críticas à prática do dizimar (Mat. 23:23).
Cristo não os condenava por dizimarem,
mas por se preocuparem tanto com as tecnicalidades do ato, no dividir o
endro, a hortelã e o cominho, que perdiam de vista os aspectos
espirituais da ordenança.
Paulo não viveu em época tão posterior à
de Cristo, e ele mesmo havia sido fariseu, portanto conhecedor da
mentalidade de seus ex-companheiros de fé. Confundir a lei, que ele
considerava “santa, justa, boa, prazenteira, digna de se ter em mente”
(Rom. 7:12, 14, 22, 25) com um “ministério da condenação” não faz
sentido, sobretudo quando ele confirma que “a lei é boa se alguém dela
usar legitimamente” (1 Tim. 1:8). Iria Deus mandar reunir Seu povo para o
solene evento da entrega da lei, e oferecer-lhe uma lei de morte?!
Ademais o problema desse “ministério de
morte” não estava na lei, que é perfeita (Sal. 19:7), e sim no povo, que
não percebia o caráter mais profundo e espiritual da mesma.
Conclusão: Por não
entenderem a diferença entre “lei”, “concerto” e “ministério do
Espírito” e “ministério da condenação” muitos deixam de perceber que
Paulo não está diminuindo a importância da lei moral como norma de
conduta cristã, em II Coríntios 3, e sim contrastando atitudes quanto à
lei.
Ele contrasta o que significa viver sob o
regime do velho concerto, mais preocupados com a letra, com a vida dos
cristãos que compara com cartas escritas com o Espírito divino, tendo a
lei, não como letras nas frias tábuas de pedra, mas registrada em seus
corações aquecidos pela divina graça (ver Rom. 8:3 e 4 e Sal. 40:8).
8) Longe de ensinar que o
Novo Testamento representa um novo concerto sem a lei moral divina
básica expressa nos Dez Mandamentos, o autor de Hebreus mostra que aos
que aceitarem os termos do Novo Concerto (ou Novo Testamento) o próprio
Deus escreveria a Sua lei em seus corações e a imprimiria em suas mentes
(Heb. 8:6-10; 10:16).
Já vimos como Paulo compara o cristão sob
o novo concerto com uma “carta, escrita em nossos corações, conhecida
por todos os homens . . . escrita não com tinta, mas pelo Espírito do
Deus vivente, não em tábuas de pedra, mas em tábuas de carne, isto é,
nos corações” (2 Cor. 3:1-11).
No novo concerto, firmado sobre
“superiores promessas”, Deus escreve a Sua lei nos corações dos que
aceitarem os seus termos, tirando-a das frias tábuas de pedra para
gravá-la nos corações aquecidos pela graça divina (ver Heb. 8:6).
Note-se que essa “lei de Deus” é a mesma
que constava da promessa original dirigida aos filhos de Israel em
Jeremias 31:31-33 e não outra. O ônus da prova fica com quem negue este
fato, claramente estabelecido nestes textos. Heb. 10:16 confirma: Deus
escreve a Sua lei nos corações de Seus filhos sob a nova aliança.
Os leitores hebreus-cristãos da epístola
entenderiam isto perfeitamente. E a promessa de assistência divina para
obediência a essa lei acha-se também em Eze. 36:26, 27.
Conclusão: O contexto
destes versos (capítulos 8 e 10 de Hebreus) claramente define que se
aplicam ao novo “Israel” de Deus, aqueles da dispensação cristã. Afinal,
o novo concerto é agora disponível a todos, judeus e gentios, pois o
muro de separação foi desfeito com a abolição da “lei cerimonial”—não da
“lei moral” (Efé. 2:11 a 22).
Portanto, o tema da lei divina não é
coisa do Velho Testamento. Pelo contrário, é componente fundamental do
próprio Novo Testamento, por certo em seus aspectos morais, não
cerimoniais.
9) Há quem ensine que a
“lei de Cristo”, ou Seus mandamentos (como em João 14:15), nada tem a
ver com o Decálogo sendo tal “lei de Cristo” a nova norma para os
cristãos que traz somente nove dos 10 mandamentos da lei “antiga”,
“caduca”, etc. (como se Cristo tivesse rompido com o Pai estabelecendo
lei diferente). Embora fale repetidamente da “lei de Cristo”, Paulo
também fala da “lei de Deus” com igual força de validade (comparar Rom.
7:22, 25; 13:8-10; com Gál. 6:2 e 1 Cor. 9:21).
Tiago fala da lei como baseada no amor, e
a chama de “lei da liberdade” (Tia. 2:8-12). João fala da lei de Deus e
de Cristo como se fossem uma só e a mesma, sem distinção, ao longo de
suas epístolas, 1 e 2 João (ver, por exemplo, 1 João 2:7; 3:2-4; 21-24;
4: 7-11, 19-21; 5:1-3 e 2 João vs. 5 e 6).
No Apocalipse, o povo remanescente de
Deus é caracterizado como os que “guardam os mandamentos de Deus e têm a
fé de Jesus” (Apo. 12:17 e 14:12). João descreve uma visão que teve do
Templo de Deus, dentro do qual contemplou “a arca da aliança” (Apo.
11:19). Aqueles que conhecem sua Bíblia sabem que nessa arca foram
guardados os Dez Mandamentos (Deut. 10:1-5). Por que a João foi mostrada
essa “arca da aliança” num contexto claramente escatológico? É que ela
representa o trono de Deus que se assenta sobre a justiça (a lei) e a
misericórdia (o propiciatório).
Conclusão: A lei de
Cristo e a lei de Deus são uma só e a mesma. Jesus declarou: “Eu e o Pai
somos um” (João 10:30). Ele acentuou o princípio do amor a Deus e amor
ao próximo como base de Seus mandamentos segundo os mesmos princípios
básicos da lei de Deus desde o princípio (Deut. 6:5; Lev. 19:18, cf.
Mat. 22:37-40). Para Paulo, estar “sob a lei de Cristo” é comparável a
estar em harmonia com a lei de Deus (1 Cor. 9:21).
10) Ocorre às vezes um
claro equívoco quanto ao teor dos debates de Cristo com os líderes
judaicos sobre a validade de suas curas no sábado. Jesus SE DEFENDE da
acusação de fariseus e saduceus (e certos religiosos contemporâneos da
cristandade) de que violava o sábado esclarecendo ser LÍCITO (em
harmonia com a lei) curar no sábado (Mat. 12:12).
O que Cristo condenava não era a prática
do sábado por eles, pois Ele próprio era um observador desse mandamento
(Luc. 4:16), mas o espírito errado em que o praticavam. Por isso disse
que “o sábado foi feito por causa do homem [não só do judeu] e não o
homem por causa do sábado” (Mar. 2:27), além de declarar-Se “Senhor do
sábado” (Mat. 12:8).
Conclusão: Os líderes
judaicos não pervertiam só o sentido do mandamento do sábado, mas também
do 5º. mandamento, por exemplo (Mar. 7:8-10), como a prática do dizimar
(Mat. 23:23), como visto acima. Cristo, porém, disse ao povo de Seu
tempo que era para praticar o que eles diziam, embora sem seguir o mau
exemplo deles de “faça o que eu digo, mas não o que faço” (ver Mat. 23:2
e 3). Entre as coisas certas que eles diziam estava a insistência na
fiel observância do sábado (Luc. 13:14).
Autor: Prof. Azenilto G. Brito – Ministério Sola Scriptura
Bessemer, Ala., EUA
Bessemer, Ala., EUA
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