sábado, 30 de maio de 2015

"CIÊNCIA E RELIGIÃO" - Parte 33

Época entrevista o advogado de Deus


Ineditamente, a Época entrevistou (09/05/08) o ex-ateu Alister McGrath, doutor em biofísica molecular e teologia pela Oxford, onde atualmente é professor. McGrath, autor do livro “O delírio de Dawkins”, é um dos principais defensores do cristianismo no meio científico e um dos maiores críticos do fundamentalismo ateísta de Richard Dawkins – popularmente difundidos na polêmica obra “Deus, um delírio”.
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Silêncio no tribunal. Que fale o advogado de Deus!
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Entrevista: Alister McGrath afirma que a fé ajuda a explicar o que a ciência não consegue
Alister McGrath e Richard Dawkins, autor do livro “Deus, um delírio”, têm trajetórias bastante parecidas. Ambos são cientistas de Oxford, estudiosos das ciências naturais e mostram-se abertos a novas formas de pensar, desde que as evidências o levem a isso. A diferença é que o raciocínio lógico levou Dawkins a pregar o ateísmo e McGrath a acolher a fé. Leia, nesta entrevista, como ele considera que a existência de Deus pode ajudar o conhecimento científico.
ÉPOCA – Quando você passou a acreditar em Deus?
Alister McGrath – Na juventude estive apaixonadamente persuadido pela veracidade e relevância do ateísmo. Quando fui para Oxford estudar química, comecei a refletir sobre se aquilo faria sentido. Mais tarde conheci Joanna (sua atual esposa) e percebi que a força dos argumentos que levam a Deus é mais satisfatória do que a que leva ao ateísmo.
ÉPOCA – Vocês e Richard Dawkins são amigos?
McGrath – Não, somos apenas professores da mesma universidade. Nós estamos presentes em alguns congressos e nos encontramos. Somos cordiais. Mas não posso dizer que somos amigos. Nós nos conhecemos mais pelas publicações que um e outro produziu. E nossas divergências também aparecem no que escrevemos.
ÉPOCA – Você diz que Dawkins se tornou um fanático. Qual a sua suspeita?
McGrath – A agressividade de Dawkins é reflexo de sua frustração. Ele passou a ser mais agressivo porque sabe que a religião está cada vez mais presente na vida das pessoas. Ele convoca seus leitores para militar contra a religião e rompe com sua própria argumentação. Seu único argumento é de que a religião não descobriu nenhum indício sobre a existência de qualquer realidade que não seja a natural. É por frustração que ele afirma que toda a religião é perniciosa e deve ser banida da sociedade.
ÉPOCA – Quais seus argumentos para acreditar que Deus existe?
McGrath – Neste meu livro, eu realmente não dou argumentos para acreditar em Deus, mas rebato os de Dawkins. A forma como você acredita em Deus dá sentido ao mundo. Acreditar em Deus traz esperança e motivação para se manter vivo e se relacionar com as pessoas.
ÉPOCA – Você acredita na evolução?
McGrath – Eu discordo de Dawkins em sua insistência de que a evolução biológica exclui Deus do processo. Não entendo como ele chegou a essa conclusão. Na minha opinião, as duas coisas são compatíveis.
ÉPOCA – As pessoas religiosas têm a moral mais desenvolvida que os ateus?
McGrath – Não quero dizer que ateus são pessoas ruins. O que quero dizer é que acreditar em Deus dá habilidade e ferramentas para tratar melhor deste assunto.
ÉPOCA – Dawkins diz que é importante submeter a fé a um exame crítico. Você acredita nisso?
McGrath – Sim, acho que isso é uma importante coisa a se fazer. Acredito que todo mundo deveria submeter suas crenças a um exame crítico. Sempre. A razão pela qual sou cristão é porque submeti minhas crenças e descobri que elas não ficavam em pé. Para mim, acreditar em Deus tem razões muito mais robustas.
ÉPOCA – Quando a ciência não pode explicar Deus?
McGrath – Penso que a ciência é extremamente efetiva para explicar o mundo natural. Mas quando tenta explicar questões como valores ou significados, não acredito que ela consiga com êxito. Dawkins diz que a ciência pode explicar todas as coisas. Eu digo que acreditar em Deus ilumina partes da vida que a ciência não pode explicar. As duas podem trabalhar muito bem juntas.
ÉPOCA – Você votaria em um candidato ateu?
McGrath – Eu não escolheria meu candidato considerando a religiosidade dele. Dawkins exagerou no preconceito. Eu não cultivo o preconceito que ele próprio tem. Há um grande preconceito dentro da universidade, especialmente contra cristãos.
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Em seu livro “O delírio de Dawkins”, McGrath questiona o dogmatismo ateísta de Richard Dawkins. “Tal qual um evangelista, Dawkins prega a seus devotos do ódio a Deus”, aponta McGrath. Veja a síntese do problema:
“Essa questão é muito séria e problemática. A total convicção dogmática que permeia algumas partes do ateísmo ocidental de hoje, notavelmente ilustrada em ‘Deus, um delírio’ – se alinha de imediato a um fundamentalismo religioso cujas idéias não se podem examinar ou contestar. Dawkins resiste a ajustes em suas convicções, que ele considera luminosamente verdadeiras e, portanto, isentas de qualquer defesa. Está tão convencido da correção de suas concepções que não se permite acreditar que as evidências possam legitimar quaisquer outras opções – sobretudo religiosas” [p. 19].
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DAWKINS versus MCGRATH

Leia a síntese do duelo de argumentos entre Richard Dawkins e Alister McGrath, como apresentados em “O delírio de Dawkins”:

A FÉ É INFANTIL:

Argumento de Dawkins: Crer em Deus é como crer no coelhinho da Páscoa ou em Papai Noel – crenças infantis que são abandonadas tão logo nos tornamos capazes de pensar com base nas evidências. A humanidade “pode deixar a fase do bebê-chorão e finalmente atingir a maioridade”. Tal “explicação infantil” pertence a uma era remota e supersticiosa da história, já superada, da humanidade” [Thought for the Day, Rádio BBC, 2003].
Argumento de McGrath: “Quantas pessoas você conhece que passaram a acreditar em Papai Noel na vida adulta? Ou que, na velhice, achou sua fé no consolador coelhinho da Páscoa? (…) Eu não acreditava em Deus até ir à universidade. Aqueles que usam o argumento da infantilidade devem explicar por que tantas pessoas descobrem Deus mais tarde na vida, e certamente não acreditam que isso representa algum tipo de regressão, perversão ou degeneração” [O delírio de Dawkins, p. 28].

A EXTREMA IMPROBABILIDADE DE DEUS

Argumento de Dawkins: “Qualquer Deus capaz de projetar qualquer coisas teria se ser complexo o suficiente para exigir o mesmo tipo de explicação para si mesmo. A existência de Deus nos coloca diante de uma regressão infinita da qual ele não consegue nos ajudar a fugir” [Deus, um delírio, p. 153].
Argumento de McGrath: “Dawkins é particularmente sarcástico em relação aos teólogos que se permitem o ‘duvidoso luxo de conjurar arbitrariamente uma terminação para a regressão infinita’ (Deus, um delírio, p. 112). Tudo o que é auto-explicado deve ser explicado – e essa explicação, por sua vez, precisa ser explicada, e assim por diante. Não há um meio justificável de pôr um fim a essa regressão infinita de explicações. O que explica a explicação? Ou para mudar um pouco a metáfora, quem projetou o projetista? (…) Talvez devamos refletir sobre as muitas coisas aparentemente improváveis – mas a improbabilidade não implica, nem nunca implicou, a não-existência. Podemos ser altamente improváveis. Mas estamos aqui. A questão, portanto, não é se Deus é provável, mas se Deus é real” [O delírio de Dawkins, p. 38-41].

A CIÊNCIA EXPLICA TUDO

Argumento de Dawkins: “A ciência explica tudo” [Philosophical Foudations of Neuroscience, p. 372-376].
Argumento de McGrath: “As teorias científicas não podem ser tomadas para ‘explicar o mundo’, mas apenas para explicar os fenômenos observados no mundo. Além disso, argumentam os autores, as teorias científicas não descrevem e explicam ‘tudo sobre o mundo’, e nem pretendem fazê-lo – conforme suas propostas. Direito, economia e sociologia podem ser citadas como exemplos de disciplinas que se dedicam a fenômenos de domínios específicos, sem que, de modo algum, sejam consideradas inferiores às ciências naturais ou delas dependentes” [O delírio de Dawkins, p. 53].

RELIGIOSIDADE GERA VIOLÊNCIA – ATEÍSMO NÃO

Argumento de Dawkins: “Não acredito que haja um ateu no mundo que demoliria Meca – ou Chartres, York Minster ou Notre Dame” [Deus, um delírio, p. 322].
Argumento de McGrath: “A visão ingênua e pueril de Dawkins de que ateus nunca cometem crimes em nome do ateísmo tropeça nas cruéis pedras de realidade. (…) A história da União Soviética está repleta de incêndios e explosões de inúmeras igrejas. Sua contestação de que o ateísmo é livre de violência e opressão, as quais ele associa com a religião, é simplesmente insustentável e sugere um significativo ponto cego” [O delírio de Dawkins, p. 111].
“Suponha que o sonho de Dawkins se tornasse realidade e a religião desaparecesse: isso poria fim às divisões dentro da humanidade? Com certeza não. Tais divisões são basicamente construtos sociais que refletem a necessidade sociológica fundamental de autodefinição das comunidades, e que identificam quem está ‘dentro’ e quem está ‘fora’, quem são os ‘amigos’ e quem são os ‘inimigos’” [O delírio de Dawkins, p. 115].

JESUS FOI SEPARATISTA E O CRISTIANISMO PROMOVE ISSO

Argumento de Dawkins: “Jesus foi um devoto da mesma moralidade entre membros do mesmo grupo – associada à hostilidade a forasteiros – que era tida como certa no Antigo Testamento. Jesus era um judeu leal. Foi Paulo quem inventou a ideia de levar o Deus dos judeus aos gentios. Hartung usa um tom mais duro do que eu ousaria: ‘Jesus teria se revirado no túmulo se soubesse que Paulo estava levando seu plano aos porcos’” [Deus, um delírio, p. 332].
Argumento de McGrath: “Em primeiro lugar, Jesus estende explicitamente o mandamento do antigo Testamento de ‘amar o seu próximo’ para ‘amar os inimigos’ (Mateus 5:44). Longe de endossar a ‘hostilidade aos de fora’, ele recomendou e ordenou uma moral de ‘ratificação dos de fora’. (…) Os cristãos podem ser acusados de não cumprir esse mandamento. Mas ele stá lá, bem na essência da ética cristã”. [O delírio de Dawkins, p. 120-121].
“Em segundo lugar, muitos leitores poderia mencionar que a conhecida narrativa da parábola do bom samaritano deixa claro que o mandamento para ‘amar o seu próximo’ vai além do judaísmo. (…) No Novo Testamento, tal grupo é diversamente chamado de ‘pecadores’, ‘coletores de ‘impostos’ e ‘prostitutas’. Uma das principais acusações feitas por seus críticos no judaísmo era a aberta aceitação de Jesus aos ‘de fora’” [O delírio de Dawkins, p. 121].

"CIÊNCIA E RELIGIÃO" - Parte 32

Inquisição sem fogueiras na SBPC

Cientista é impedido de discutir as origens do Universo e da vida
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Marcos N. Eberlin é, desde 1982, professor doutor titular da Universidade Estadual de Campinas onde coordena o Laboratório ThoMSon, um dos grandes centros de referência mundial na técnica de espectrometria de massas. Realizou pós-doutorado na Universidade Americana de Purdue, Estados Unidos, e tem orientado diversos mestres, doutores e pós-doutores. Eberlin é hoje um dos cientistas brasileiros de maior destaque; é membro da Academia Brasileira de Ciências, comendador da Ordem Nacional do Mérito Científico, vice-presidente da Sociedade Internacional e também da Sociedade Brasileira de Espectrometria de Massas; e ganhador de vários prêmios, entre eles, o mais recente: o prêmio Scopus-Capes 2008. Eberlin é ainda autor de mais de 320 artigos científicos com mais de três mil citações. Sua destacada atuação levou ao convite para proferir palestra na 60ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), na Unicamp, sobre assunto relacionado às suas pesquisas. Tudo estava acertado. Título e resumo devidamente fornecidos à organização do evento, e sua conferência programada e anunciada na web para terça-feira, 15 de julho, com o título “A Vida e o Universo: Um Grande Acidente ou Design Inteligente?” Mas tudo mudou no dia 2 de julho, quando o cientista foi informado, laconicamente via email (ao qual tive acesso), que “por decisão do Coordenador Geral da 60ª SBPC, estamos cancelando sua conferência”.
Ao questionar os motivos do súbito e unilateral cancelamento, o Dr. Eberlin esclarecereu que ele “falaria como um cientista preocupado em entender o Universo e a vida sem qualquer preconceito, sem restrições, sem idéias pré-concebidas de como o Universo e a vida devem a priori ser”. Disse ainda que “a palestra será desapaixonada, e focará na importância de conhecermos todas as teorias que procuram racionalizar o Universo e a vida, e não só o paradigma predominante. Isso é ciência, é progresso, é o que se espera de uma sociedade que quer promover o progresso da ciência. Que ela examine, discuta, ouça e retenha o que é bom, o que se mostra racional, inteligente”.
Eberlin comentou ainda que tinha ficado feliz em verificar que a SPBC brasileira (ao contrário de outras) não tinha fugido ao debate abrindo suas portas para a discussão acadêmica de uma teoria que ganha destaque a cada dia. “Como cientistas devemos então examiná-la e, se dela discordamos, confrontá-la com contra-argumentos científicos. Essa é a graça da ciência”, concluiu o professor e acadêmico, acrescentando que sua palestra “teria o mérito de expor os argumentos científicos de uma teoria cientificamente defensável, de colocar os ouvintes em contato com as teses do Design Inteligente e as teses naturalistas. Eu os convidaria a refletir cientificamente sobre o tema. É assim que a ciência progride: discutindo suas teses, confrontando seus críticos.”
Mesmo com toda a argumentação científica e racional apresentada por Eberlin, a SBPC manteve o cancelamento, mostrando assim, infelizmente, que também na SBPC no intelligence is allowed! A coordenação, quando questionada, se justificou dizendo que “a SBPC, como sociedade científica, respeita profundamente a diversidade cultural e religiosa”, mas que “assuntos que envolvam matérias de fé são valorizados mas não tratados em nossas reuniões. A questão do ID é, no nosso entender e da atual Diretoria, matéria de cunho pessoal. Várias sociedades científicas americanas também se manifestaram no sentido do ID não ser tratado na academia. Portanto, não encaramos esse cancelamento como confronto mas apenas alinhamento operacional.”
Eberlin lamentou esse “alinhamento operacional” e com a confirmação do cancelamento de sua palestra ele assim se manisfestou: “Não sei se viveremos para ver, mas a história vai se repetir”, previu o cientista. “Na queda de um paradigma, os que detêm o poder na Academia fazem de tudo para que a fragilidade de seus argumentos não seja de forma alguma confrontada ou divulgada. Agem até com deselegância, não há pudor. Pois quando uma teoria é solida, bem fundamentada na razão e nas evidências, não há por que temer o contraditório. Mas aos poucos as evidências começam a falar mais alto que as nossas paixões; mais alto que as nossas opiniões; mais alto que a nossa crença ou religião – sobrenatural ou naturalista –, e a ciência avança, progride. O medo do novo é inerente à natureza humana, mas precisa ser vencido! E será! A história irá contar os fatos – de como sociedades cientificas se recusaram a se render à absoluta objetividade cientifica do DI. Quem viver verá!”
Eberlin lembrou também algumas teorias científicas predominantes mas equivocadas que caíram e tornaram-se página virada na história da ciência: o flogístico, o éter luminífero, os quatro elementos, a geração espontânea. Mas “não com pouca resistência, não com pouca luta, não com poucos cancelamentos de palestras acompanhadas de justificativa alguma. E foi nessas quedas que a ciência reconheceu suas fragilidades e mais avançou”, disse.
O químico, submetido à Inquisição sem fogueiras da SBPC, silenciado mas não abatido, conclui explicando que “o DI não é religião, não trata de fé, trata de razão, de raciocínio lógico. Trata de evidências inquestionáveis que toda uma geração de jovens que não se deixa mais enganar, e com acesso à internet, começa a descobrir, apesar de alguns detentores do poder acadêmico procurarem esconder. As teses do DI podem ter implicações filosóficas, mas não dependem delas.” E concluiu: “DI é ciência em sua essência.”
Pena que os “guardiões da ciência” assim não entendam, ou por entender assim temam… Pena que a ciência não seja, como deveria, o fórum da livre discussão de teses, sem preconceitos, sem compromissos predefinidos. Pena que não procure, como deveria, o pleno conhecimento sobre o Universo e a vida. Que a ciência, na visão de muitos de seus líderes, seja declarada e protegida como território exclusivo de religião naturalista, onde não se admite questionamento da fé absoluta – e muitas vezes irracional – do poder absoluto das leis naturais. Mas, felizmente, embora se tente sufocá-las, vozes têm se levantado, cada vez mais fortes, com autoridade, e com mais e mais freqüência, para mudar esse estado de coisas, para restabelecer a correta interpretação dos fatos científicos sobre a vida e o Universo.

"CIÊNCIA E RELIGIÃO" - Parte 31

Estudo relaciona descrença religiosa a QI alto

Um artigo de pesquisadores europeus, que será publicado na revista acadêmica Intelligence em setembro, defende a tese de que pessoas com QI (Quociente de Inteligência) mais alto são menos propensas a ter crenças religiosas.
O texto é assinado por Richard Lynn, professor de psicologia da Universidade do Ulster, na Irlanda do Norte, em parceria com Helmuth Nyborg, da Universidade de Aarhus, na Dinamarca, e John Harvey, sem afiliação universitária.
A conclusão é baseada na compilação de pesquisas anteriores que mostram uma relação entre QIs altos e baixa religiosidade e em dois estudos originais.
Em um desses estudos, os autores compararam a média de QI com religiosidade entre países.
No outro estudo, eles cruzaram os resultados de jovens americanos em um teste alternativo de habilidade intelectual (fator g) com o grau de religiosidade deles.
Na pesquisa entre países, os pesquisadores analisaram média de QI com o de religiosidade em 137 países. Os dados foram coletados em levantamentos anteriores.
Os autores concluíram que em apenas 23 dos 137 países a porcentagem da população que não acredita em Deus passa dos 20% e que esses países são, na maioria, os que apresentam índices de QI altos.
Exceções
Os pesquisadores dividiram os países em dois grupos.
No primeiro grupo, foram colocados os países cujas médias de QI são mais baixos, variando de 64 a 86 pontos. Nesse grupo, uma média de apenas 1,95% da população não acredita em Deus.
No segundo grupo, onde a média de QI era de 87 a 108, uma média de 16,99% da população não acredita em Deus.
Os autores argumentam que há algumas exceções para a conclusão de que QI alto equivale a altas taxas de ateísmo.
Eles citam, por exemplo, os casos de Cuba (QI de 85 e cerca de 40% de descrentes) e Vietnã (QI de 94 e taxa de ateísmo de 81%), onde há uma porcentagem de pessoas que não acreditam em Deus maior do que a de países com QI médio semelhante.
Uma possível explicação estaria, segundo os autores, no fato de que “esses países são comunistas nos quais houve uma forte propaganda ateísta contra a crença religiosa”.
Outra exceção seriam os Estados Unidos, onde a média de QI é considerada alta (98), mas apenas 10,5% dizem não acreditar em Deus, uma taxa bem mais baixa do que a registrada no noroeste e na região central da Europa – onde há altos índices médios de QI e de ateísmo.

"CIÊNCIA E RELIGIÃO" - Parte 30

Ex-ateu exalta cristianismo


“Na verdade, eu acho que o cristianismo é a religião que mais claramente merece ser honrada e respeitada, quer seja verdade ou não sua afirmação de que é uma revelação divina. Não há nada como a combinação da figura carismática de Jesus com o intelectual de primeira classe São Paulo. Praticamente todo o argumento sobre o conteúdo da religião foi produzido por São Paulo, que tinha um raciocínio filosófico brilhante e era capaz de falar e escrever em todas as línguas relevantes” (Antony Flew, There is a God, p. 185, 186).
Detalhe: Antony Flew foi um dos maiores ateus, muito mais filosoficamente gabaritado do que Richard Dawkins.

"CIÊNCIA E RELIGIÃO" - Parte 29

Moisés estava drogado no monte Sinai?


“Sim”. Essa é a opinião de Benny Shanon, especialista em psicologia da Universidade Hebraica de Jerusalém. Segundo ele, Moisés teria ingerido a substância alucinógena conhecida no Brasil como chá do Daime, de modo que a doação divina dos Dez Mandamentos seria uma ilusão cognitiva causada pela droga.
A teoria foi publicada na revista de filosofia Time and Mind e divulgada no País pela BBC Brasil, O Estado de S. Paulo e G1. A repercussão do estudo gerou polêmica no mundo afora.
“De acordo com o pesquisador, a criação dos Dez Mandamentos poderia ser conseqüência de uma experiência com substâncias psicotrópicas, que alteram o estado cognitivo do indivíduo, e se encontram em plantas existentes inclusive no deserto do Sinai”, disse Shenon à BBC. “Segundo o pesquisador, os efeitos psicodélicos das bebidas preparadas com a ayahuasca são comparáveis aos produzidos pelas bebidas fabricadas com o córtex da acácia. A Bíblia menciona essa árvore freqüentemente, e sua madeira é parecida com a que foi utilizada para talhar a Arca da Aliança”, informou o G1.
O rabino Yuval Sherlo, como publicou a BBC, garantiu que “a teoria é absurda e nem merece uma resposta séria”. Segundo ele, a divulgação dessa teoria “põe em dúvida a seriedade tanto da ciência como da mídia”.
Na reportagem, Benny Shanon conta que a primeira vez que experimentou o chá do Daime – à base da planta ayahuasca – foi em Rio Branco, no Acre, em 1991. Desde então, ele realizou estudos relacionando a ayhuasca e o fenômeno religioso, como em seu livro Antipodes of the Mind, publicado em 2003 pela Oxford University Press. Abaixo, Shanon descreve as experiências que teve com o uso do chá do Daime:
“A substância abriu para mim uma dimensão do sagrado que nunca tinha vivenciado antes, tive visões muito fortes, inclusive de cantar junto com milhares de anjos”, descreve o pesquisador israelense. “A experiência foi tão forte que me levou a querer integrá-la no estudo da fenomenologia da consciência humana.”
“Estudei, então, todos os contextos culturais e religiosos ligados à ingestão da ayahuasca”, conta Shanon.
“Cheguei à conclusão de que, nas religiões mais antigas, como a zoroastra e a hinduísta, também houve rituais ligados à ingestão de substâncias que levam a alterações cognitivas, nos quais os participantes ‘viram Deus’ ou ‘viram vozes’.”
O professor de psicologia cognitiva cita o fenômeno da sinestesia, em que se cria uma relação entre planos sensoriais diferentes e o indivíduo se encontra em um estado neurológico que possibilita que ele “veja sons”.
“Na Bíblia, há frases como ‘o povo viu as vozes’, que me chamaram a atenção, pois descrevem exatamente a sinestesia que ocorre com a ingestão da ayahuasca”, afirma Shanon. “Encontrei frases semelhantes em textos e cânticos de outras religiões.”
É verdade que indivíduos sob o efeito chá do Daime têm alucinações nas quais vêem vultos brancos, vozes, entre outros efeitos aparentemente sobrenaturais. Acontece que o efeito dura apenas algumas horas, e no episódio da doação da Lei, Moisés passa 40 dias no monte. Além dos Dez Mandamentos – princípios morais que dificilmente surgiriam de uma mente alucinada, outras leis civis e religiosas são dadas detalhadamente a Moisés. Do capítulo 19 ao 31 do livro de Êxodo, são relatadas as instruções de Deus a Moisés, que incluem ainda toda a construção do santuário de maneira minuciosa e precisa.
Ninguém em delírio poderia produzir leis como essas apresentadas em Êxodo. Shanon, todavia, tenta se explicar: “Mas não é qualquer pessoa que ao ingerir a substância é capaz de criar os Dez Mandamentos, é necessário ser um Moisés para isso. Ao meu ver, a ayhuasca libera uma criatividade interna, como a arte”, propõe.
“Não”, seria a resposta mais óbvia.

"CIÊNCIA E RELIGIÃO" - Parte 28

Evidências de Deus na Constelação de Órion


Gostaria que vocês assistissem ao seguinte vídeo, gravado por Matheus Siqueira no 2° Simpósio Criacionista do UNASP. Eu já assisti e aprovo, vale a pena ! Pode ser um pouco grande, mas a qualidade é boa. Resumindo: Baixe e mude seu modo de pensar quando olhar para as estrelas no céu.
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A CONSTELAÇÃO
Orion, é uma constelação do equador celeste. As estrelas que compõem esta constelação são brilhantes e visíveis de ambos os hemisférios.
As constelações vizinhas são Gemini (Gêmeos), Taurus (Touro), Eridanus, Lepus (Lebre) e Monoceros (Unicórnio).
Órion, o caçador, de acordo com a mitologia grega, desempenhou um papel importante para as civilizações antigas. Sua posição no céu ao longo do ano era um prenúncio das mudanças climáticas que estavam por vir. Quando se observava Órion nascer durante o amanhecer, era um sinal que o verão houvera chegado. Seu nascimento no início da noite anunciava o inverno, e à meia-noite indicava época da colheita de uvas. Essas observações foram feitas por civilizações do hemisfério norte. Para o hemisfério sul vale o contrário. No meio de dezembro Órion estará nascendo para nós (no leste) após o crepúsculo. O que isso pode nos indicar? Isso mesmo! Preparem-se para o verão!
Destaca-se a presença de três estrelas que formam a cintura de Orion, são elas: Alnitak, Alnilam e Mintaka, e as estrelas gigantes Rigel e Betelgeuse.
Este conjunto de três estrelas é popularmente chamado pelos brasileiros de as “Três Marias” e nada mais é que o centro da constelação – representa o cinturão do gigante (vide figura acima). Sabendo encontrá-las, encontra-se a constelação completa facilmente.
Veja o mapa a seguir. Ele representa a porção leste do céu logo após o crepúsculo. A constelação de Órion está destacada na figura – perceba como é fácil identificar o padrão após encontrarmos as Três Marias. Elas estão envolvidas por um trapézio formado por quatro estrelas de primeira magnitude: Alfa de Órion (Betelgeuse), de coloração mais avermelhada, representa o ombro direito de Órion, temos em seguida Gama de Órion(Bellatrix) como o ombro esquerdo, Kapa de Órion (Saiph) é o joelho. A última estrela do trapézio é justamente a que está oposta a Betelgeuse – Beta de Órion (Rigel), uma estrela que também se destaca, representando o pé direito de Órion.
Betelgeuse é uma das estrelas mais brilhantes, cujo diâmetro chega a ser 250 vezes maior que o do Sol. Como toda gigante sua atmosfera é bastante difusa, com densidade muito menor que a de nossa atmosfera. Sua distância até nós é de aproximadamente 430 anos-luz. Observe a figura abaixo da constelação de Órion, com destaque para Betelgeuse, prestando atenção especial nas escalas. Perceba a difusividade de sua atmosfera.
NEBULOSA DE ÓRION
A nebulosa de Órion é um dos objetos presentes no céu mais interessantes à observação. Conhecida também como M42 ou NGC 1976, essa nebulosa difusa é uma das mais brilhantes, tanto que numa noite de céu limpo e num local longe de poluição e luz ela chega a ser visível a olho nu. Localizá-la não é difícil – ela se encontra na espada do gigante Órion. Partindo das Três Marias, que é seu cinto, encontra-se a espada logo abaixo. Compare o desenho de Órion (primeira figura no texto) com a foto acima.
M42 está a mais de mil anos luz de distância da Terra e é composta principalmente por estrelas jovens e bastante quentes do tipo O , num agrupamento conhecido como o Trapézio. A radiação emitida por essas estrelas excita uma nuvem de gás e poeira que passa a emitir o brilho característico da nebulosa.
Documentos de observação dessa nebulosa datam desde 1610 (Nicholas-Claude Fabri de Peiresc). Em 1769 Messier a adicionou em seu catálogo, descrevendo como : “(…) uma linda nebulosa na espada de Órion, ao redor da estrela Theta, junto a outras três estrelas menores as quais não conseguimos ver senão com algum instrumento.”
Observe as fotos seguintes. A primeira foto nos mostra a nebulosa de Órion observada por um telescópio de médio porte. A segunda é essa mesma nebulosa fotografada pelo telescópio espacial Hubble!
NEBULOSA DE ÓRION – NASA 2006-ASSISTA !
A CONSTELAÇÃO DE ÓRION E A PROFECIA DE ELLEN WHITE
O SONHO
A 16 de dezembro de 1848, o Senhor me deu uma visão acerca do abalo das potestades do céu. (…) Nuvens negras e densas subiam e chocavam-se entre si. A atmosfera abriu-se e recuou; pudemos então olhar através do espaço aberto emÓrion, donde vinha a voz de Deus. A Santa cidade descerá por aquele espaço aberto.  (Vida e Ensinos pg 110, Primeiros Escritos pg 41)
Em 1959 o Professor Julio Minham, membro da Associação Brasileira de Astronomia, escreveu um livro chamado Maravilhas da Ciência que foi publicado pela Associação Brasileira de Astronomia, que não teria publicado seu livro caso se tratasse de uma bobagem, sendo este livro usado como referência no estudo da astronomia no Brasil. Julio Minham fala muitas coisas sobre o espaço sideral e da física, e num dos capítulos deste livro ele fala sobre Nebulosas Bizarras. O observatório de Mont Palomar na Califórnia que era o mais sofisticado da época. Notem que em 1959 o homem não havia ainda sequer pisado na lua. Aquele observatório mostrava que em Órion parecia ter um túnel, um buraco, um espaço aberto e ele conclui esse capítulo sobre Órion naquela data dizendo o seguinte sobre a Nebulosa e os Escritos de Ellen White:
“Uma escritora americana, Ellen G.White, que nada sabia de astronomia e que provavelmente nunca ouvira falar da Nebulosa de Órion, em um de seus livros traduzido para o português com o título de Vida e Ensinos, depois de comentar esta luminosidade escreveu…
A 16 de dezembro de 1848, o Senhor me deu uma visão acerca do abalo das potestades do céu. (…) Nuvens negras e densas subiam e chocavam-se entre si. A atmosfera abriu-se e recuou; pudemos então olhar através do espaço aberto em Órion, donde vinha a voz de Deus. A Santa cidade descerá por aquele espaço aberto.  (Vida e Ensinos pg 110)
Ele conclui dizendo: […] Isso dito assim tão simplesmente por que nunca olhou um livro de astronomia, nem sonhava com buracos em parte alguma do céu, só pode ser creditado a dois fatores:  histerismo ou inspiração. Para ser histerismo, parece científica demais a afirmação de que toda uma cidade, a Nova Jerusalém, tenha livre passagem pelo túnel de Órion. A escritora não sabia do túnel, nem que ele é tão largo a ponto de comportar noventa sistemas solares. Terá sido revelado a esta escritora, uma verdade que os astrônomos não puderam descobrir? (Maravilhas da Ciência, pg 281)
O Dr. Julio Minham é adventista mas o que chama a atenção é o fato da Associação Brasileira de Astronomia ter pedido para ele escrever este livro, onde ele testemunha sobre Ellen White.
O SONHO DE JACÓ E A ESTRELA DE BETELGEUSE
“(…) e deitou-se naquele lugar e sonhou: eis uma escada posta na Terra, cujo topo tocava nos Céus; e eis que os anjos de Deus subiam e desciam por ela (…) Acordando, pois, Jacó, de seu sono (…) temeu e disse: Quão terrível é este lugar! Este não é outro lugar, senão a CASA DE DEUS [Bet-El]; e esta é a PORTA DOS CÉUS(Gênesis 28:11-17)
(…) E chamou o nome daquele lugar de BETEL, o nome porém daquela cidade antes era luz. (Gênesis 28:19)
EM HEBRAICO
Bethânia = Bet-Ania (Casa das Tâmaras)
Belém = Bet-Helen (Casa do Pão)
Betel = Bet-El (Casa de Deus)
Betelgeuse = Portal da casa de Deus
BETELGEUSE
 Betelgeuse é uma estrela variável, com mudanças tanto de brilho quanto de tamanho. E que tamanho! Se estivesse no lugar do Sol, ocuparia todo o espaço até a órbita de Saturno em seu diâmetro máximo, e seria do tamanho da órbita de Júpiter em seu mínimo. O mesmo que de 550 a 920 vezes o diâmetro do Sol. Ela brilha por 60 mil sóis está e está a 425 anos-luz de distância.
A luminosidade de Betelgeuse varia num longo período. A razão ainda é um mistério. Tudo indica que suas camadas mais externas se expandem durante vários anos, para em seguida se retrair. Fazendo isso, a temperatura da estrela aumenta e diminui alternadamente, assim como seu brilho. Essa pulsação é comum em super gigantes, como se Betelgeuse tivesse também um super coração.
Porém, esse “coração” de Betelgeuse pulsa em arritmia. Ela é uma estrela vermelha, que já transformou a maior parte de seu Hidrogênio em Helio, e agora começa a fundir o próprio Helio no seu núcleo quente. Betelgeuse está morrendo.
EXPLOSÃO DE LUZ
Betelgeuse explodirá, num evento formidável chamado supernova. Ninguém sabe quando, mas todos concordam que será uma supernova espetacular.
Quando isto acontecer a estrela será vista no céu pelo menos 10 mil vezes mais brilhante que hoje. Será tão brilhante quanto uma lua crescente, talvez mais.Durante meses Betelgeuse ficará visível inclusive à luz do dia. Será este o último aviso a humanidade antes do retorno de Cristo?

"CIÊNCIA E RELIGIÃO" - Parte 27

As Implicações Morais do Darwinismo


Por Earl Aagaard
A vida humana parece ter perdido sua dignidade e valor. Pergunte a um muçulmano na Sérbia, um ba’hai no Irã, ou um cristão no Sudão. Observe Jack Kevorkian facilitando o suicídio e sendo abraçado como um contribuidor sério e mesmo valioso à sociedade. A questão surge: O que é importante a respeito da natureza humana?
Tempo houve em que podíamos culpar de barbarismo, o pagão, o selvagem, ou os fanáticos. Nomes vêm à mente: Hitler, Ghengis Khan ou Pol Pot. Mas não estamos falando do passado. Estamos à beira do século 21. O conhecimento aumentou: astronautas cruzam o espaço; satélites circulam o globo trazendo informação de toda parte para todos os lugares em poucos momentos; galáxias distantes são objeto de estudo; e genes dentro de nosso corpo são pesquisados em busca de uma chave para os mistérios da vida humana. Mas ainda resta a pergunta — simples, contudo muito profunda: Que há de especial em pertencer ao gênero humano?
Para muitos filósofos, incluindo alguns que se dizem cristãos, a resposta é cada vez mais, muito pouco. Com todo o conhecimento científico de hoje e o progresso técnico, uma visão completa do registro histórico, os seres humanos são ainda tentados a violar direitos humanos básicos.
Depois da Segunda Guerra Mundial, os julgamentos de Nuremberg expuseram o mal que se oculta no coração humano, e mostraram como a sociedade mais culta e civilizada pode chafurdar em esgotos morais, virtualmente apagando o significado espiritual de “humanidade”. As lições daquela guerra levaram as Nações Unidas a votar, em 1948, a Declaração Universal dos Direitos Humanos. Este documento afirmava a dignidade e igualdade de todo ser humano, exigindo que as sociedades civilizadas protegessem os fracos das agressões dos fortes. A declaração ainda está de pé. Por que, então, estamos falando de direitos humanos e dignidade?
O Mito das Origens
A resposta pode ser achada na explicação científica aceita quanto à origem da vida e sua diversidade, uma explicação que deixa fora o Deus da Bíblia. Esta perspectiva é claramente exposta no livro de James Rachels, Created from Animals: The Moral Implications of Darwinism (Criado Como Descendente de Animais: As Implicações Morais do dar-winismo, New York: Oxford University Press). O autor arrazoa como um adepto da evolução naturalista. Sua conclusão, fortemente documentada, é que o dar-winismo subverte a doutrina da dignidade humana. Os seres humanos não ocupam um lugar especial na ordem moral; somos apenas uma outra forma de animal.
Esta opinião não é nova. Em 1859, o Bispo Samuel Wilberforce advertiu que o darwinismo era “absolutamente incompatível” com a opinião cristã da condição moral e espiritual do homem. A Igreja Batista do Sul dos Estados Unidos, em 1987, reafirmou a opinião de Wilberforce. Mas não há unanimidade entre os cristãos. Há um século Henry Ward Beecher, o pregador famoso, sugeriu que a perspectiva evolucionista realçava a glória da criação divina. O Papa João Paulo II esteve disposto a aceitar o processo evolucionário como o meio usado por Deus para criar o corpo humano (mas não o “espírito”, o qual ele insiste que é objeto da criação imediata de Deus).
Mesmo os cientistas estão divididos nesta questão. Alguns (tais como Steven Jay Gould) dizem que o darwinismo e a religião não são incompatíveis, que uma pessoa pode ser ao mesmo tempo teísta e darwinista, enquanto outros (William Provine) afirmam que o darwinismo torna toda religião não só supérflua, mas insustentável.
Rachels argumenta (“Precisa um Darwinista ser Céptico?”) que a teleologia (direção e propósito) na Natureza é irrevogavelmente destruída pelo darwinismo. Sem teleologia, a religião precisa “retrair-se para algo como deísmo, … não mais… apoiando a doutrina da dignidade humana” (págs. 127, 128). Este argumento é forte, e precisa ser refutado se um darwinista religioso quer resgatar o ensino bíblico de que os seres humanos são criados à imagem de Deus e ocupam um lugar especial na ordem divina. Como Rachels nos lembra: “A tese da ‘imagem de Deus’ não se enquadra com qualquer opinião teísta. Requer um teísmo que vê a Deus como ativamente planejando o homem e o mundo como um lar para o homem.”
Em “Quão Diferentes são os Seres Humanos dos Animais?” Rachels conclui que o darwinismo destrói qualquer fundamento para uma diferença moralmente significante entre seres humanos e animais. Se o homem descende de símios por seleção natural, ele pode ser fisicamente diferente de símios, mas não pode sê-lo de modo essencial. Certamente não pode ser em qualquer aspecto que dê ao homem mais direitos do que a qualquer animal. Nas palavras de Rachels, “não se pode fazer distinções em moralidade onde nenhuma existe de fato”. Ele chama sua doutrina de “individualismo moral”, e rejeita “a doutrina tradicional da dignidade humana” junto com a idéia de que a vida humana tenha qualquer valor inerente que os seres não humanos careçam.
Individualismo moral
Em “Moralidade Sem Que os Seres Humanos Sejam Especiais”, Rachels trata primeiro da igualdade humana, e depois a rejeita! Os seres humanos podem ser “tratados como iguais” somente se não houver “diferenças notáveis” entre eles. Essas “diferenças notáveis” poderiam ser usadas para distinguir gêneros, raças, religiões e indivíduos. Aceitando conceitos dar-winistas ele estende a análise aos animais, não admitindo superioridade humana automática sobre coelhos, porcos ou baleias. Sob “individualismo moral”, quando confrontado com o uso de um ser humano ou de um chimpanzé para um experimento médico letal, não mais podemos decidir a questão argüindo que o chimpanzé não é humano. “Teríamos de perguntar o que justifica usar este chimpanzé, e não aquele ser humano, e a resposta teria de ser em termos de suas características individuais, e não simplesmente por pertencerem a este ou àquele grupo” (pág. 174).
Considerando o papel crucial de “diferenças notáveis” nesta ética, a gente procura alguma definição formal do termo. Rachels não dá nenhuma. Em vez disso obtemos “algo de como o conceito opera” num exemplo de testar cosméticos nos olhos de coelhos, e um palavreado difuso. Isto não é defesa contra o egoísmo e o mal que vemos em nós mesmos e em nossos semelhantes.
A experiência demonstra que qualquer norma moral fraca e relativista será torcida em qualquer forma que seja necessária para nos permitir fazer o que quisermos a nosso próximo. Há muitos exemplos: escravidão; perseguição racial e religiosa; um milhão de abortos por ano nos Estados Unidos; a epidemia de abandono, abuso e morte de bebês; leis que permitem suicídio assistido e eutanásia; expurgo étnico, etc. Precisamos ter uma norma clara de nossas obrigações para com todo membro da família humana. Essa é a diferença entre moralidade e amoralidade. Não há terreno neutro.
Darwinismo e Amoralidade
A conexão entre darwinismo e amoralidade é agora explícita. Na New York Times Magazine de 3 de novembro de 1997, Stephen Parker escreveu sobre “psicologia evolucionista”. Ele nos diz que “filósofos da ética concluíram que… nossos neonatos imaturos não possuem o direito à vida mais do que um camundongo”, e alega que “o infantocídio pode ser o produto de trauma maternal” visto “ter sido praticado e aceito na maioria das culturas através da história.” Ele assim liga o infanticídio diretamente a nossos ancestrais e à luta pela sobrevivência
darwiniana, que por vezes requer que as mães matem seus filhos a fim de promover seu futuro reprodutivo. Em artigos como este, aquilo que outrora era impensável é apresentado como razoável e aceitável. Estamos sendo amaciados para uma mudança na moralidade da comunidade — que mantém que alguns seres humanos merecem respeito e proteção, mas outros não, e podem ser mortos com impunidade. Podemos ver esse processo em operação hoje, nos pronunciamentos acadêmicos, e cada vez mais na mídia popular.
Há apenas 50 anos, toda nação com voto nas Nações Unidas rejeitou este modo de pensar. A ética que emerge no Ocidente é um repúdio direto da Declaração Universal dos Direitos Humanos. Em seu preâmbulo, a Assembléia Geral das Nações Unidas unanimemente (com oito abstenções) declarou que “o fundamento da liberdade, justiça e paz do mundo” é “o reconhecimento da dignidade inerente e dos direitos iguais e inalienáveis de todos os membros da família humana.” Nos próprios Artigos, achamos que “Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos” (Artigo 1); “Cada um possui todos os direitos e liberdades anunciadas nesta Declaração, sem distinção de qualquer espécie” (Artigo 2); “Todos têm direito à vida, liberdade e segurança de sua pessoa” (Artigo 3); “Todos têm direito ao reconhecimento em toda parte como uma pessoa diante da lei” (Artigo 6); e “Todos são iguais diante da lei e têm direito sem nenhuma discriminação à igual proteção da lei” (Artigo 7). Esta linguagem não é equívoca; não pode haver confusão quanto a seu significado. Aceitar o que Rachels e Pinker estão oferecendo significa voltar as costas à sabedoria do passado.
Maturidade (e nossa segurança) exige reflexão honesta. Um sistema de ética baseado em relativismo moral sempre terminará com o forte no poder e o fraco debaixo de seu calcanhar. A filosofia darwinista, levada à sua conclusão lógica, não nos leva a parte alguma, e isso devia bastar para que a rejeitássemos. Talvez não devêssemos estar surpresos de ver os darwinistas abraçando uma filosofia tão cruel e utilitária, mas o que mais surpreende é o número de moralistas, filósofos e outros que se identificam como cristãos mas insistem que adotemos uma ética tão diferente da de Cristo.
O argumento a favor do relativismo moral é sutil à primeira vista. Freqüentemente começa reafirmando a verdade biológica (e bíblica) de que somos humanos desde o momento da concepção. Mas, depois nos é dito que há uma diferença entre um “ser humano” e uma “pessoa”, e que “personalidade” é a categoria que um ser humano precisa alcançar a fim de ter direito à vida. As qualificações para “personalidade” variam — mas geralmente incluem a posse de consciência de si mesmo como condição necessária para ser uma “pessoa” com pleno status moral (por exemplo, ter o direito de não ser morto). Naturalmente nenhum ser humano nasce com consciência de si mesmo, e muitos de nós podemos perder a consciência, temporária ou permanentemente, devido a trauma, enfermidade ou idade.
O individualismo moral (ou a ética da “personalidade”) e a declaração das Nações Unidas dos Direitos Humanos colidem; são inteiramente incompatíveis. A Declaração das Nações Unidas é fundada sobre a tradição moral judaico-cristã — uma tradição que remonta a milênios. O “individualismo moral” pretende ser fundado na razão humana, e é expresso em afirmações que começam com: “Eu argumento….” “Eu vejo…”, ou “Eu sustento …”. O “individualismo moral” propõe que tanto os seres humanos como os animais devem ser julgados pelos mesmos critérios relativistas. Neste universo moral, seres humanos perderam seus direitos inalienáveis à vida, algo que os cristãos defendem na base da declaração: “Criou Deus o homem à Sua imagem: à imagem de Deus o criou; macho e fêmea os criou” (Gênesis 1:27).
Tirado do Pedestal
Tirando os seres humanos do pedestal de dignidade sobre o qual a Bíblia os colocou tem implicações para todos, não somente para os pacientes em estado comatoso, os neonatos com defeitos, os velhos enfermiços, e outros diferentes de “nós”. Debaixo da ética do “individualismo” não há princípio que impeça que uma raça classifique outras raças como não plenamente humanas e de escravizá-las ou eliminá-las. Não há princípio responsabilizando aqueles que procuram degradar os outros ao status de “não-pessoas”. Não há princípio condenando os pais que recorrem a testes pré-natais para determinar o sexo de um feto e depois abortam se for menina. Não há princípio para impedir que uma sociedade determine que o pleno status humano não seja atingido antes dos 3 ou 4 anos, e de fundar centros para eliminar as “não-pessoas” indesejáveis. Não há princípio para impedir a clonagem de um indivíduo, ou o uso do ser humano como um estoque de órgãos avulsos. Podemos recuar destas sugestões, mas a verdade é que quando abandonamos o imperativo bíblico de que a vida humana inocente é sagrada e não pode ser tocada, estamos todos debaixo de risco, porque quando os fortes dominam, “a força faz o direito”.
Quando moralistas cristãos chegam às mesmas conclusões que os darwinistas sobre nossas obrigações para com o nosso próximo, é tempo de pensar cuidadosamente. Deus nos criou, e Ele conhece o mal de que somos capazes. Por esta razão, Ele nos instruiu a tratar todos os seres humanos como dignos de respeito. Nem o “individualismo moral” nem a ética da “personalidade” é compatível com a interpretação tradicional das Escrituras, e isso deveria ser razão suficiente para rejeitá-los. Mas, além disso, para aqueles cuja fé é fraca, a história oferece muitas demonstrações de que antes de qualquer matança tem havido uma divisão da população em “nosso grupo” (protegido) e “os demais” (não protegidos) que torna permissível ir adiante com a matança. A maior parte dos moralistas relativistas não tem esta intenção. Estão simplesmente tentando criar uma base não-dogmática, racionalista para um comportamento que eles julgam apropriado.
Creio que James Rachels tem razão em seu argumento: Uma pessoa não pode ser darwinista e manter de modo lógico a opinião tradicional de que a vida humana é sagrada. A pergunta mais imediata para os cristãos parece ser mais relevante: Pode uma pessoa crer que a vida humana não é sagrada e ainda ser cristão?
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Earl Aagaard (Ph.D., Colorado State University) é professor de biologia no Pacific Union College. Seu endereço postal: 3 College Ave., Angwin, California 94508. E-mail: eaagaard@puc.edu