sábado, 26 de dezembro de 2015

"41 DIAS COM DEUS"

A Jornada 41 dias com Deus é um programa de reeducação dos nossos hábitos espirituais.
Nesta Etapa, vamos compreender que fomos salvos para ser santos e que Deus deve ocupar o primeiro lugar em nossa vida, cada dia.
Os 41 temas desta jornada estão divididos em sete partes:
1) Você foi criado para relacionar-se com Deus
– 11º Dia: Como Alimentar a Natureza de Cristo
2) Você foi Criado para andar diariamente com Deus
– 12º Dia: Como Encontrar a Cristo I
– 13º Dia: Como Encontrar a Cristo II
– 14º Dia: Crescimento em Cristo
– 15º Dia: Salvo para ser Santo
– 16º Dia: Uma Experiência mais Alta
– 17º Dia: Ofertas Voluntárias
– 18º Dia: Dízimo e Espiritualidade
– 19º Dia: Consagração
3) Você foi criado para comunicar-se com Deus
– 20º Dia: O Privilégio de Falar com Deus I
– 21º Dia: O Privilégio de Falar com Deus II
– 22º Dia: Quando o Povo de Deus Ora
– 23º Dia: O Poder da Intercessão
– 24º Dia: Promessas de Oração
– 25º Dia: Como se tornar um intercessor Poderoso
– 26º Dia: Formação Espiritual
4) Você foi criado para ter uma mente santa
– 27º Dia: A Mente e a Saúde Espiritual I
– 28º Dia: A Mente e a Saúde Espiritual II
– 29º Dia: Influências Espirituais e a Mente I
– 30º Dia: Influências Espirituais e a Mente II
– 31º Dia: Como ter Paz e Saúde Mental
– 32º Dia: Alegria no Senhor
5) Você foi criado para cumprir a missão
– 33º Dia: Veículos de Luz e Bençãos
– 34º Dia: Um Chamado Individual
6) Você foi criado para ser um vencedor em Cristo
– 35º Dia: A Sacudidura
– 36º Dia: As Causas da Sacudidura
– 37º Dia: A Extensão da Sacudidura
– 38º Dia: Lições da Sacudidura
– 39º Dia: A voz da Consagração
– 40º Dia: Encerra-se o Conflito entre Cristo e Satanás
7) Um dia para o reencontro – Testemunhos e bençãos
– 41º Dia: Reencontro

sexta-feira, 27 de novembro de 2015

"Qual o significado da declaração “tudo o que se move, e vive, ser-vos-á para alimento”? (Gn 9:3)

O QUE SE PODE COMER:
Algumas pessoas encaram essa declaração divina a Noé, após o dilúvio, como autorização ao consumo, sem quaisquer restrições, de toda espécie de animais limpos e imundos. Mas essa interpretação não é sancionada pelas normas e práticas alimentares encontradas nas Escrituras.
A distinção entre animais “limpos” e “imundos” já era conhecida por Noé antes do Dilúvio, pois o próprio Deus havia feito essa distinção ao mencionar os animais a serem preservados na Arca (ver Gn 7:2 e 8). Após sair da Arca, Noé ofereceu holocaustos ao Senhor exclusivamente “de animais limpos e de aves limpas” (Gn 8:20). Embora animais limpos fossem sacrificados ao Senhor desde a queda dos nossos primeiros pais (Gn 3:21 e 44), foi somente após o Dilúvio que o consumo de alimentos cárneos foi permitido, pois grande parte dos vegetais havia sido destruída (ver Gn 1:29; 9:1-6).
Se a intenção em Gênesis 9:3 fosse eliminar toda e qualquer distinção entre animais limpos e imundos, isso certamente apareceria nas discussões bíblicas posteriores sobre o assunto. Isso, porém, não ocorre. Mesmo se Gênesis 9:3 houvesse liberado temporariamente o consumo de animais imundos, o que não é o caso, essa hipotética permissão acabaria sendo desfeita eventualmente pelas leis de saúde registradas em Levítico 11:1-31, Deuteronômio 14:3-21 e outros textos bíblicos.
A própria determinação divina de preservar na Arca “sete pares” de cada espécie de animais limpos e apenas “um par” dos animais imundos (Gn 7:2) sugere que somente os animais limpos haveriam de ser oferecidos em sacrifício e consumidos como alimento. Como dos animais imundos foi preservado apenas um casal de cada espécie, bastaria que Noé imolasse o macho ou a fêmea de um casal que ainda não havia se reproduzido para acabar extinguindo definitivamente a respectiva espécie.
Devemos ser cautelosos na interpretação de “tudo o que se move, e vive”, para não acabarmos incluindo o próprio homem entre os alimentos cárneos divinamente sancionados, pois este também “se move, e vive”. Portanto, a expressão é uma mera generalização (semelhante à expressão “todo o mundo”, usada em português), que não desfez a distinção entre animais limpos e imundos já conhecida naquela época. Assim, após o dilúvio o homem poderia se alimentar também de animais limpos, em acréscimo aos vegetais que já vinham sendo consumidos desde a Criação (Gn 1:29).

Por Alberto R. Timm

"O que faz mal, o que entra ou o que sai da boca do homem"?


Cuidado! Não faça experiência para comprovar.
“Mas o que sai da boca procede do coração, e isso contamina o homem. Porque do coração procedem os maus pensamentos, mortes, adultérios, prostituição, furtos, falsos testemunhos e blasfêmias. São estas coisas que contaminam o homem; mas comer sem lavar as mãos, isso não contamina o homem.” (Mateus 15:18-20)
Observou? – Lavar as mãos!
NUNCA ESQUEÇA:
Deus fez nosso corpo perfeito para nele morar:
Não sabeis que sois santuário de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós? (1 Coríntios 3:16)
Disse-me alguém enfaticamente:
“Eu como caranguejo, siri, lagosta, camarão, peixe de couro, enfim, tudo que Moisés proibiu, porque quem autorizou a comer, não foi o homem, mas o próprio Jesus.”
Depois, aquele amigo querido, citou o verso 11 de Mateus 15, que diz:
“O que contamina o homem não é o que entra na boca, mas o que sai da boca isso é o que contamina o homem.” (Mateus 15:11)
Este apetite descontrolado está fundamentado em um verso isolado que desfigura o contexto, fato que me proponho dissecar agora, por amor a você.
Em primeiro lugar, aquele irmão equivocou-se ao dizer que quem proibiu comer carnes imundas foi Moisés. Não! Deus é quem proibiu. Leia  Levíticos 11.
Em segundo lugar, Jesus é Deus, e como tal, foi Quem proibiu as carnes imundas. Se as abonasse agora, estaria Se contradizendo. As Escrituras revelam o caráter de Deus. Ouça:
“Deus não muda” (Malaquias 3: 6)
“Não há sombra nem variação” (Tiago 1:17)
“Não fará coisa alguma, sem antes ter revelado o Seu segredo aos Seus servos, os profetas” (Amós 3:7)
“Não alterarei o que saiu dos Meus lábios” (Salmo 89:34)
“A palavra de nosso Deus subsiste eternamente” (Isaías 40:8)
Logicamente, Jesus não poderá Se desdizer, ainda que o homem assim o deseje.
na esperança da vida eterna que o Deus que não pode mentir prometeu antes dos tempos eternos (Tito 1:2)
Portanto, para entender o que Jesus quer ensinar neste verso, é preciso ler todo o capítulo 15 de Mateus, senão, você vai capitular e, como os discípulos, ficar boquiaberto. Veja:
“E Pedro, tomando a palavra, disse-Lhe: explica-nos esta parábola. Jesus, porém, disse-lhe: Até vós mesmos estais sem entender?” (Mateus 15:15-16)
Os discípulos ficaram atônitos diante daquilo que eles julgavam uma parábola. Sim, era a única conclusão. Só podia ser uma parábola. Tal conjectura é cabível, pois que a lei dietética de Levítico 11 era sagrada demais para todos os judeus, tanto para os discípulos, como judeus comuns, fariseus, irreligiosos, etc. O estonteamento dos discípulos, por conseguinte é natural, dada a posição em relação às coisas imundas condenadas e proibidas por Deus.
A diferença, porém, é que para a solução do problema e consequente esclarecimento, os discípulos foram humildemente suplicar a Jesus e Ele os atendeu, clareando as nuvens negras que envolveram as palavras divinas: “O que contamina o homem não é o que entra na boca, mas o que sai da boca…”
Hoje, lamentavelmente, percebi em centenas de pessoas com quem estudei a Bíblia que, havendo algo obscuro ou encoberto à primeira vista, ao invés de se ir a Jesus e com humildade estudar Sua Palavra, comparando o texto, para se chegar à Verdade que o versículo quer ensinar, simplesmente concordavam com aquilo que, para elas, era mais conveniente.
Evidentemente, é muito mais fácil transgredir que sacrificar. Ler que estudar. Consentir que renunciar. Transigir que obedecer. Isso é próprio da natureza humana. Mas… não é o correto!
Com os discípulos foi diferente. Tomados que foram de estupefação tal, pois para eles, apenas ver ou sentir algo imundo lhes causava ojeriza (até de sua sombra corriam), quanto mais a idéia de comer carnes imundas, proibidas por Deus. Era inconcebível! Por isso rogaram a Jesus explicar-lhes tal versículo. E isso fez o Mestre, com todo amor.
– Solicitemos agora ao Senhor, que esclareça o assunto para nós.
O título “A Tradição dos Anciãos” do capítulo quinze de Mateus, não é inspirado (foi acrescido pelo tradutor) como se sabe; porém, é de significado ímpar. Ouça a arguição dos fariseus a Jesus:
“Por que transgridem os Teus discípulos a tradição dos anciãos? Pois não lavam as mãos quando comem pão.” (Mateus 15:2)
Observe que o enredo começa com uma tradição. Entre as muitas, infindáveis e enfadonhas tradições dos judeus, tinha preeminência aquela de, antes de qualquer refeição, lavar as mãos muitas vezes (Marcos 7:3), como se fora uma cerimônia solene. Aliás, era de fato uma ablução imposta, um cerimonial preceituado. Lavava-se tanto as mãos, não para torná-las limpas, como é normal, antes de qualquer refeição! Simplesmente era um hábito para satisfazer uma tola tradição que mais parecia um capricho dos anciãos, doutores da Lei. E ai de quem não procedesse assim! Ouça isso, e veja se não dá para sorrir:
“Não se tratava simplesmente de lavar-se com sabão e água e limpar-se. Não, não. Havia os movimentos certinhos que deviam ser feitos, tudo direitinho. A quantidade mínima de água que poderia ser usada devia caber pelo menos numa metade da casca de ovo. Então era preciso derramar um pouco d’água nos dedos e palmas da mão, primeiro uma, depois outra, erguendo a mão o bastante para que a água escorresse pelos punhos, mas não além deste ponto. Além disto a pessoa tinha de cuidar que a água não escorresse pelas costas da mão. E depois a pessoa deveria esfregar uma mão na outra, indo e vindo, para lá e para cá. Se não houvesse água nenhuma, poderia ser feita uma espécie de lavagem a seco, simplesmente fazendo os movimentos como se com água. Mas de modo algum a pessoa poderia sentar-se à mesa para comer sem ter praticado esta cerimônia.” (Inspiração Juvenil, 1979, pág. 349, Jan. S. Doward)
Pois bem, Jesus e os discípulos, embora primassem pela higiene, não aceitavam nem concordavam com esse ritual, essa tradição vazia e sem nexo. Por falar em tradição, há uma que predomina em certa parte do cristianismo (eu a percebi quando fui um fiel batista). Parece que o diploma de um cristão sábio nas Escrituras é-lhe conferido pelo fato de pertencer a uma igreja – 30, 40, 50 anos – ou ter lido a Bíblia outras tantas vezes. Ocorre que, ler é uma coisa, estudar é outra bem diferente, e, frequentar igreja décadas inteiras não quer dizer que tão somente por isso, a palavra desta pessoa seja doutrina e lei.
Lembra-se? Jesus com apenas doze anos de idade deixou aturdidos homens envelhecidos, com ensinamentos que jamais penetraram em seus ouvidos, fazendo seus corações ferverem maravilhados. (Leia também Jó 32:6-9).
Então, estudando todo o capítulo 15 de Mateus, depreendemos que aqueles anciãos transgrediam os mandamentos de Deus, mas suas pessoais tradições eram intocáveis, e colocavam-nas em lugar de destaque (Mateus 15:3). Será que hoje ocorre ao contrário? Veja: A voz corrente do moderno cristianismo é adaptar-se ao mundo, fazendo o que a maioria faz, do que ouvir e fazer o que diz a santa Bíblia.
Já li de um escritor, pastor da maior Igreja Evangélica do mundo, dizer que guarda o domingo, porque todo o mundo o guarda. Sei que você não concorda com isso, certo? Bem, ouça o que Jesus respondeu àqueles “condutores cegos”:
“Hipócritas, bem profetizou Isaías a vosso respeito, dizendo: Este povo honra-Me com os lábios, mas o seu coração está longe de Mim.” (Mateus 15:7-8)
Por conseguinte, o problema suscitado naquela oportunidade não é o da comida em si, mas a maneira de se comer, isso é muito claro. O verso 2 informa cristalinamente que a dificuldade residia em lavar ou NÃO lavar as mãos. Com relação à comida, os próprios fariseus disseram: “comer pão”.
Lavar as mãos sete vezes era a tradição. Coisa que Jesus e os discípulos não abonavam, tanto que comiam sem praticar aquela ablução. Quanto à comida, era caso encerrado: os judeus possuiam verdadeira idiossincrasia (repulsa em grau máximo) às carnes imundas, proibidas por Jeová. E como Jesus Cristo é o mesmo Jeová, autor da prudente, boa e sábia lei dietética, nada mais fiel aceitar que, sobre aquela mesa cercada de gente para comer, não havia comidas proibidas por Ele.
Isso é tão verdadeiro quanto comprobatório, pois tempos mais tarde após este incidente, Pedro declarou, alto e bom som, muito dramaticamente, quando foi por Deus ordenado a comer alimentos que estavam no lençol de sua visão em Atos 10:14: “Nunca Senhor, comi coisa comum, ou imunda.”
Ora, não estaria Pedro mentindo para Deus agora, se naquele acontecimento com Jesus ou mesmo posteriormente, tivesse comido carnes imundas?
Portanto, está claro que, naquela oportunidade, quando Jesus mencionou o verso que estamos estudando, não havia sobre aquela mesa nenhuma carne proibida por Deus, e muito menos houve autorização para o seu consumo, pois desde este incidente de Mateus 15 até Atos 10, passaram-se algumas décadas e Pedro disse categoricamente, diante do lençol cheio de animais que descia do Céu: “Nunca, Senhor, comi coisa… imunda.”
Bem, é possível que alguém ainda questione esta Verdade, agarrando-se cegamente na declaração de Jesus:
“Tudo o que entra pela boca desce para o ventre, e é lançado fora.”(Mateus 15:17)
Meu amado, Jesus sempre Se serviu de parábolas e expressões metafóricas, para ilustrar verdades eternas. Por isso que, relativo a esse verso, não podemos fazer uma aplicação literal, porque o Senhor Jesus nunca teve tal intenção. Sabe por quê? Porque nem tudo o que entra pela boca vai para o ventre e é lançado fora. Por exemplo: arsênico, formicida, soda cáustica, etc. E… você acha que Jesus não sabe disso? Não foi Ele que fez nosso estômago? (Em sã consciência e usando o bom senso, também ninguém comeria alguma coisa envenenada para pôr à prova este texto. Isto seria tentar ao Senhor, o que é proibido por Ele mesmo).
– Dirá alguém: Jesus errou? Não amados! Mil vezes não! Jesus jamais erra.
Claro como a luz solar, para os filhos da luz, foi o fato de que Jesus queria ensinar, com esta ilustração, não a autorização para consumir carnes que Ele próprio proibiu a milênios, mas a verdade de que:
“O que sai da boca, procede do coração. E isso contamina o homem. Porque do coração procedem os maus pensamentos, mortes, adultérios, prostituição, furtos, falsos testemunhos e blasfêmias.” (Mateus 15:18-19)
Jesus usa o vocábulo “coração” para representar a faculdade que planeja e decide. Na verdade a mente é a sede dos pensamentos e decisões. É aí onde atua o Espírito Santo, e todos os atos e gestos são dirigidos por este comando motor (sensório). Desta maneira, estas “coisas” procedem, não do coração em si, mas, da mente.
O Mestre conhecia aqueles corações farisaicos de sobejo. E era esta relação de impurezas que povoava suas mentes. Acrescente-se a isso a repulsa que mantinham em não aceitar o humilde Nazareno e Seus ensinamentos.
Mas, você, meu amado irmão, agora já conhece toda a história deste texto bíblico, e pode compreender com clareza que Jesus não está abonando o consumo de carnes proibidas por Ele mesmo, mas sim que é o “coração” (mente) o centro de tudo, no que tange aos sentimentos e, por isso diz a Bíblia:
“Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o teu coração, porque dele procedem as saídas da vida.” (Provérbios 4:23)
Por conseguinte, irmão, tenha sempre uma mente pura e demonstre seu amor ao querido Jesus não comendo o que Ele proibiu. Certo?
PS – O homem mencionado, que motivou-me este capítulo, libertou-se das carnes imundas e morreu fiel Adventista do Sétimo Dia.
“Aqui reafirmo minha confiança em Deus e na infalibilidade de Sua santa Palavra: Creio honestamente que os filhos de Deus, sinceros e leais, não devem ser doentes.” Professor Durval Stockler de Lima – Autor do extraordinário livro “NUTRIÇÃO ORIENTADA”, editado pela CASA PUBLICADORA BRASILEIRA. Para quem deseja ser vegetariano, este livro é uma “cartilha” apropriada.

"Duas Problemáticas Declarações em Marcos 7:15 e 19 – A Classificação dos Animais em Limpos e Imundos Deixou de Existir"?


Marcos 7:15 – “Nada há fora do homem que, entrando nele o possa contaminar; mas o que sai do homem é o que o contamina.”
Marcos 7:19 – “Porque não lhe entra no coração, mas no ventre, e sai para lugar escuso? E assim considerou ele puros todos os alimentos.”
O objetivo deste trabalho é esclarecer certas afirmações bíblicas, que por serem mal interpretadas, são usadas em defesa de ensinamentos não sancionados pelas Escrituras Sagradas.
Para uma boa compreensão deste assunto três princípios hermenêuticos devem ser relembrados:
1º) A Bíblia deve ser seu próprio intérprete.
2º) O contexto quase sempre ajuda a explicar o texto.
3º) Colocar os fatos narrados em sua moldura histórica.
Para chegarmos ao exato sentido do que Cristo quis dizer com a frase:
“Nada há fora do homem que, entrando nele, o possa contaminar;” e a declaração de Marcos – “e assim considerou ele puros todos os alimentos”, precisamos analisar outras passagens bíblicas, que nos esclarecerão sobre o exato significado destas afirmativas. As duas mais significativas seriam:
a) A experiência de Pedro em Atos 10;
b) Os esclarecimentos paulinos em Romanos 14.
Estaria Cristo com esta declaração anulando ensinamentos do Velho Testamento? A classificação dos animais em limpos e imundos agora deixaria de existir?
Peçamos a Deus que nos esclareça a mente, para entendermos com clareza os sábios ensinamentos da Sua Palavra.

Comentários Gerais

I. A Experiência de Pedro com Cornélio.
Lucas nos relata a experiência com certa pessoa de destacada posição social, da cidade de Cesaréia, chamada Cornélio. São salientados os predicados que ornavam seu caráter: piedosa e temente a Deus com toda a sua casa, dava muitas esmolas aos necessitados e de continuo orava a Deus. Apesar destes atributos, ele necessitava da orientação divina, para melhor compreender o seu plano para conosco. Foi esta a razão que ao estar orando um anjo lhe indicou que devia chamar a Pedro para lhe dar nova orientação.
Cristo, conhecendo que Pedro não estava preparado para este mister, deu-lhe a visão do terraço, na hora sexta (para nós ao meio-dia). Sendo a hora da refeição ele estava com fome e ao estar esta sendo preparada, ele viu o céu aberto, do qual descia algo como um grande lençol, repleto de animais próprios e impróprios para a alimentação, Neste ínterim, ele ouve aquelas tradicionais palavras: “Levanta-te, Pedro; mata e come” (Atos 10:13). Mas ele replicou com decisão e firmeza: “De modo nenhum, Senhor, porque jamais comi coisa alguma comum e imunda.” (10:14). A voz treplica: “Ao que Deus purificou não consideres comum.” (10:15).
O relato sem levar em consideração o contexto, e a interpretação através do conjunto das Escrituras, pode significar que não há alimentos imundos, já que Deus a todos purificou, porém, todos sabemos, que através desta visão, Deus queria ensinar a Pedro a não fazer distinção entre pessoas. Terminada a visão, ao Pedro estar reflexionando sobre seu exato significado, aproximam-se os mensageiros de Cornélio com o inusitado convite pana que fosse a sua casa. Iluminado pelo Espírito Santo ele compreendeu o exato significado da visão.
Esta experiência de Pedro nos científica de que ele teria recusado seguir àqueles gentios, se a visão não lhe tivesse sido dada. A visão nos mostra ainda, que Deus se utiliza de processos os mais variados, para nos ensinar suas preciosas lições.
A finalidade primordial da visão foi ensinar-lhe que não deveria considerar a nenhum homem comum ou imundo, pois todos são dignos de receber a salvação, Nada neste relato tem a ver com a classificação bíblica de animais próprios e impróprios para nossa alimentação.
II. O Problema de Consciência de Romanos 14.
Romanos 14 aparece na Tradução Revista e Atualizada no Brasil com o título: “A Tolerância para com os Fracos na Fé”. Aqueles que se opõem aos adventistas julgam encontrar em Romanos 14 poderosa escora para derribar a distinção bíblica entre animais limpos e imundos e a observância do sétimo dia.
O renomado estudioso W. Rand em seu Dicionario de la Santa Biblia, pág. 560 afirma:
“Segundo se depreende da própria epístola, o motivo que teve Paulo para escrevê-la foram as desinteligências que surgiam entre os conversos judeus e os conversos gentios, não somente em Roma, mas em todas as partes. O judeu, quanto aos seus privilégios, sentia-se superior ao gentio, o qual por sua vez, não reconhecia tal superioridade, e se sentia desgostoso quando tal se lhe afirmava.”
Conforme o terceiro princípio hermenêutico anteriormente citado seria bom destacar:
Com a expansão do cristianismo pela Ásia Menor e Europa, o evangelho foi aceito por gentios e judeus. Os judeus, mesmo após a sua aceitação do cristianismo, conservavam resquícios da tradição judaica e princípios da lei cerimonial.
O Comentário Adventista diz:
“De fato, os primeiros cristãos não foram solicitados a deixarem repentinamente de comparecer às festas judaicas anuais ou repudiarem de imediato, todos os ritos cerimoniais. . . O próprio Paulo, após sua conversão, esteve em muitas festas, e conquanto ensinasse que a circuncisão nada era, circuncidou a Timóteo, e concordou em fazer um voto de acordo com estipulações do Antigo Código.”
Além da inoportunidade destas festas e cerimônias dos judeus, o que mais agravava este estado de coisas, era o fato dos judaizantes quererem impor aos gentios estas observâncias. Os gentios não as aceitavam, com isso os judeus se irritavam, tornando o ambiente carregado e comprometedor para a causa do evangelho. Dentre estas pendências, destacava-se a carne sacrificada aos ídolos pelos pagãos. Após seu oferecimento a Júpiter, Mercúrio, Diana e a outros deuses mitológicos esta carne (bovina) era vendida, a preço módico, aos açougueiros, que a colocavam com as outras carnes que vendiam. Os judaizantes eram totalmente contrários à compra de carne no açougue, pelo fato de não saberem se ela tinha ou não sido oferecida aos ídolos. Os cristãos gentios não eram tão escrupulosos e criam que o oferecimento da carne aos ídolos não a contaminava.
O SDABC tecendo considerações sobre Romanos 14:1, acentua:
Débil na fé – Isto é, aquele que tinha limitada compreensão dos princípios da justiça, ansioso por salvar-se e disposto a fazer tudo quanto cria que dele se exigia. Contudo na imaturidade de sua experiência cristã e provavelmente em decorrência de sua crença e educação anteriores, ele procurava assegurar salvação pela observância de certos preceitos e regulamentos, que na realidade não se exigiam dele. Para ele tais preceitos assumiam a maior importância. Julgava-os absolutamente necessários à salvação, e ficava escandalizado e confuso, ao ver outros cristãos ao seu redor, sem dúvida mais amadurecidos e experientes, que não partilhavam destes escrúpulos.”
Com respeito às carnes sacrificadas aos ídolos, quem as julgasse imundas, não as deveria comer, embora não devesse julgar aquele que assim o fizesse.
I Cor. 8 trata do mesmo assunto e a sua leitura nos é mais elucidativa sobre este problema. O ponto capital, tanto em Rom. 14 e I Cor. 8 é concluir que não havia mal nenhum em comer carne sacrificada aos ídolos, mas se isto escandalizasse os irmãos fracos era melhor evitar.
Paulo não visa com estes relatos, determinar que espécie de alimento deve ser ingerido pelos cristãos, como uma exegese errada poderia mostrar. O fulcro da questão nada tem a ver com regime alimentar como todos os comentaristas reconhecem, mas simplesmente um problema de consciência. Em outras palavras, recomenda que aquele que é fraco na fé não deve ser desprezado pelos demais membros da igreja, mas sim tratado com o mesmo amor cristão.
O exegeta Charles R. Erdman em seu Comentário de Romanos, pág. 153 se expressa desta maneira:
“Aquele que é débil na fé, que não aprende o pleno sentido da salvação pela graça, que pensa que observar certas regras ou preceitos quanto ao alimento ou a ritos religiosas o fará mais aceitável diante de Deus, deve ser recebido na Igreja, contudo, não se deve com ele discutir a respeito desses escrúpulos por ele afagados. Uma pessoa pode admitir que comer ou abster-se de certos alimentos sadios é matéria de indiferença moral; outra pode crer que agradará mais a Deus se apenas se alimentar de legumes.”
Paulo orienta a igreja para o extermínio de partidos, a fim de que a igreja não se dividisse e os dois grupos pudessem viver num espírito de tolerância e harmonia.

Estudo do Contexto de Marcos 7:15 e 19

O evangelista começa o capítulo sete nos informando, que um grupo de fariseus e escribas se aproximou de Cristo para o interrogarem, porque os seus discípulos não seguiam preceitos estabelecidos pela tradição humana.
O Talmud está repleto de regras e regrinhas orientadoras de como o povo judeu devia comportar-se em todas as circunstâncias da vida.
Os discípulos e Seu Mestre orientavam-se por princípios elevados, porque advindos da palavra de Deus, e não por regulamentos humanos, que naquele tempo eram conhecidos como “Lei Oral” e “Tradição dos Anciãos”. Este comportamento díspar fez com que surgissem conflitos entre eles. Por exemplo, uma destas divergências era quanto a lavar as mãos, não por medidas higiênicas, mas como rito cerimonial.
Como bem nos esclarece o comentaristas William Barclay em El Nuevo Testamento, vol. 3, pág. 179:
“Esta era a religião para os fariseus e escribas. Rituais, cerimônias, regras e regulamentações como estas era o que se considerava a essência do serviço de Deus. A religião ética está imersa sob uma massa de tabus, regras e regulamentações.”
A resposta de Cristo é um terrível libelo aos ensinamentos dos homens:
“Respondeu-lhes: Bem profetizou Isaías, a respeito de vós, hipócritas, como está escrito: Este povo honra-me com os lábios, mas o seu coração está longe de mim, E em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos de homens. Negligenciando o mandamento de Deus, guardais a tradição dos homens.” Mar. 7:6-8.

A Verdadeira Contaminação

Ao ventilar este ponto negativo, totalmente farisaico, Jesus chamou a multidão para junto de Si e disse: “Ouvi-me, todos vós, e compreendei.” Mar. 7:14.
Cristo lhes ensina o que na realidade contaminava o homem. Através de uma linguagem figurada procurou mostrar-lhes que o verdadeiro objetivo da religião, consistia em libertar o cristianismo do legalismo. Apresentou-lhes o fato de que o coração é a fonte de toda a contaminação. “Nada há, fora do homem, que entrando nele, o possa contaminar, mas o que sai dele, isso é que contamina o homem.” Mar. 7:15.
Não há nenhuma preocupação, neste relato, em apresentar provas de que este alimento é limpo ou impuro, mas apresentar ao povo a necessidade de abandonar doutrinas, que são preceitos dos homens, e seguirem a religião pura ensinada por Cristo.
O Comentário Expositivo do Evangelho Segundo Marcos de J. C. Ryle, pág. 69, consigna:
“A pureza moral não depende de lavar ou deixar de lavar, de manusear ou deixar de manusear, de comer ou deixar de comer como queriam e ensinavam os escribas e fariseus.”
Jesus queria adverti-los de que não valeria nada fazerem tremendos esforços se hão tivessem o verdadeiro Deus. O resultado de lavar as mãos seria inútil, como o próprio Cristo disse, se o coração estivesse inundado de lascívia, de prostituição, furtos, homicídios, adultérios, avareza, malícia, dolo, inveja, soberba e loucura. Mar. 7:21-22.

Purificando Todos os Alimentos

Ao Deus estabelecer o homem na Terra, indicou-lhes precisamente qual deveria ser sua alimentação. O registro divino nos ensina que o homem devia comer os produtos do campo e das árvores, ou seja: grãos, nozes e frutas.
Gênesis 1:29, declara: “E disse Deus ainda: Eis que vos tenho dado todas as ervas que dão semente e se acham na superfície de toda a terra, e todas as árvores em que há fruto que dê semente; isso vos será para mantimento.”
Após o dilúvio, pela escassez destes alimentos, permitiu-se ao homem a alimentação cárnea; porém, a Bíblia é bastante clara na distinção entre animais próprios para a alimentação e impróprios para este mister, de conformidade com Levítico 11. Neste capítulo notaremos uma classificação de alimentos aprovados por Deus, isto é, alimentos puros, e também uma série de alimentos considerados imundos. Esta classificação é divina, transmitida a Moisés, para que por seu intermédio o povo de Israel a praticasse e posteriormente todos os que pautassem a sua vida pelos princípios da Palavra de Deus. Como Adventistas do Sétimo Dia, ou israelitas modernos, cremos que esta classificação perdura, basta para isto aceitarmos o propósito divino ao fazer esta distinção e considerarmos a Bíblia como um todo inspirada por Deus.
O contexto geral do capítulo sete de Marcos nos mostra que Jesus não está interessado em falar se esta ou aquela comida é pura ou imunda, mas em ensinar ao povo judeu e a nós como igreja cristã que o essencial é aceitarmos a Bíblia e não o que dizem os homens em suas doutrinas erradas.
O SDABC corrobora as afirmações anteriores ao declarar sobre Marcos 7:15 o seguinte: “Foi sempre, e exclusivamente contra preceitos de homens (v. 7) que Jesus protestou em aguda distinção do mandamento de Deus (v. 8), como se apresenta nas Escrituras. Aplicar os versos 15-23 ao caso de alimentos puros e impuros é ignorar completamente o contexto. Tivesse Jesus nessa ocasião eliminado a distinção entre as carnes limpas e imundas e seria óbvio que Pedro não teria, posteriormente, respondido como respondeu à idéia de comer alimentos impuros.”

“E Assim Considerou Ele Puros Todos os Alimentos”

Esta declaração de Marcos tem sido problemática para copistas, teólogos, exegetas e comentaristas:
Alguns têm declarado que esta afirmação do verso 19, em grego: kayarizon panta ta brwmata – catharidzon panta ta bromata não se encontrava no original de muitos manuscritos, sendo portanto um acréscimo posterior.
O renomado exegeta Bruce M. Metzger, com sua autoridade inquestionável, no livro A Textual Commentary on the Greek New Testament pág. 95 ao tecer considerações sobre este verso declara: o peso esmagador dos manuscritos nos convencem de que esta afirmação foi escrita por Marcos. Diante da dificuldade do verbo purificar, muitos copistas tentaram correções e melhorias. Metzger conclui: Muitos eruditos modernos, seguindo a interpretação sugerida por Orígenes e Crisóstomo consideram o verbo catharidzo, ligado gramaticalmente com “leguei” do verso 18 tomando assim o comentário do evangelista com as implicações das palavras de Jesus concernentes às leis dietéticas judaicas.
Esta mesma ideia é esposada pelo livro Consultoria Doutrinária da Casa Publicadora Brasileira, págs. 130 a 132, das quais destacamos:
“Nalgumas Bíblias a declaração final do versículo 19, parece fazer da instrução de Cristo, com o sentido de que o processo da digestão e eliminação tem o efeito de ‘purificar todos os alimentos’. O texto grego, porém, torna evidente que estas palavras não são de Cristo, mas sim de Marcos, e constituem seu comentário sobre o que Cristo queria dizer. Por conseguinte é necessário interpretar esta expressão sob o aspecto das palavras ‘Então lhes disse’, do versículo 18. Destarte a última frase do versículo 19 rezaria assim:'(Então lhes disse isto), purificando todos os alimentos’ ou ‘considerando puros todos os alimentos’ – a saber, sem levar em consideração se a pessoa que comia realizara ou não a ablução cerimonial preceituada, Era essa a questão em debate (verso 2).
“Em segundo lugar, convém notar que a palavra grega bromata, traduzida por alimentos, significa simplesmente ‘o que se come’, e inclui todas as espécies de alimentos; jamais distingue a carne dos animais de outras espécies de alimentos. Restringir as palavras ‘considerou puros todos os alimentos’ aos alimentos cárneos e inferir que Cristo aboliu a distinção entre as carnes limpas e imundas usadas como alimento (ver Lev. 11), é desconhecer completamente o sentido do texto grego.
“Percebe-se, pois, que o versículo 19 não foi acrescentado, mas que a expressão final deste versículo não foi usada por Cristo, e sim, por Marcos, para indicar que a cerimônia de lavar as mãos várias vezes antes de comer – não por limpeza, mas por formalidade – nada tinha que ver com a salvação. Isto, no entanto, não quer dizer que se deva comer com as mãos sujas, ou que se possam usar todas e quaisquer carnes de animais, mesmo dos que foram proibidos em Lev. 11.”
Outra autoridade, não menos destacada, Marvin R. Vincent, em Word Studies in the New Testament, vol. l, pág. 201, afirma sobre Marcos 7:19:
“Cristo estava enfatizando a verdade de que toda contaminação vem de dentro. Isto era em face das distinções rabínicas entre alimentos limpos e imundos. Cristo declara que a impureza levítica, como o comer sem lavar as mãos, é de pouca importância quando comparada com a impureza moral. Pedro ainda sob a influência dos antigos conceitos, não consegue entender a declaração e pede uma explicação (Mat. 15:15), que Cristo dá nos versos 18-20. As palavras ‘purificando todos os alimentos’, não são de Cristo, mas do evangelho, explicando o significado das palavras de Cristo; a Versão Revisada do Novo Testamento, portanto, traduz corretamente ‘isto ele disse (em itálico), tornando limpos todos os alimentos.’
“Esta era a interpretação de Crisóstomo, que diz em sua homília sobre Mateus: ‘Porém, Marcos diz que ele disse estas coisas tornando puros todos os alimentos.’ Canon Farrar refere-se a uma passagem citada de Gregório Taumaturgo: ‘E o Salvador, que purifica todos os alimentos diz’ . . .”

Conclusão:

Nada melhor do que concluir este trabalho, com as oportunas palavras de J. C. Ryle, em seu Comentário Expositiva do Evangelho Segundo Marcos, ao tecer considerações sobre o capítulo sete de Marcos:
“Devemos pedir diariamente o ensino do Espírito Santo, se quisermos adiantar-nos no conhecimento das coisas divinas. Sem o Espírito Santo a inteligência mais robusta e o raciocínio mais vigoroso pouco nos farão adiantar. Na leitura da Bíblia e na atenção que prestamos à pregação da Palavra, tudo depende do espírito com que lemos e ouvimos.
Extraído da Apostila Explicação de Textos Difíceis da Bíblia de Pedro Apolinário.